O primeiro-ministro alertou, este sábado, para os riscos que o aumento das taxas de juro poderá implicar para as economias europeia e portuguesa. António Costa sublinhou que o Banco Central Europeu (BCE) deve agir com “prudência” e “equilíbrio”, de modo a evitar “riscos de recessão” que “agravariam a situação social”. A primeira-ministra francesa, que esteve reunida com Costa, subscreveu esta visão.
“É preciso agir com prudência na normalização da política monetária”, afirmou o chefe do Governo português no Palácio Foz, em Lisboa, depois de esta semana o BCE ter decidido aumentar em 75 pontos base, para 2%, a taxa de juro diretora, elevando-a para o valor mais alto desde 2009.
“É preciso compreender a natureza específica do choque inflacionista que estamos a sofrer, que não resulta de um aumento exponencial da procura mas de quebras significativas da oferta, pela rutura das cadeias de abastecimento ainda fruto da pandemia, e agravada pela guerra”, reforçou Costa, lembrando que há hoje uma crise energética “à escala global”.
O primeiro-ministro reconheceu que a redução da inflação “tão rápido quanto possível” deve ser uma “prioridade”, mas deixou um aviso: “É importante que se mantenha o equilíbrio entre o esforço da política monetária para conter a inflação e evitarmos riscos de recessão que, seguramente, agravariam a situação social e poriam ainda mais em causa a oferta disponível para satisfazer as economias”.
Costa salientou ainda que, embora os Estados-membros da União Europeia devam respeitar a “independência” do BCE, “não quer dizer que não tenhamos opinião sobre a matéria”.
Na conferência de imprensa conjunta, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, disse partilhar “largamente” da visão de António Costa sobre as taxas de juro. Tal como o seu homólogo português, falou na necessidade de um “equilíbrio” entre o combate à inflação e a importância de evitar “abrandar em excesso” a economia, de modo a que esta não seja “aniquilada”.