Doentes vão poder monitorizar parâmetros de saúde com recurso a aplicação de telemóvel.
Um total de 50 munícipes vão fazer parte do programa comunitário de saúde com o qual a Câmara Municipal pretende, numa primeira fase, promover o acompanhamento de hipertensos através de uma aplicação informática que irá monitorizar parâmetros como a tensão arterial, peso, frequência cardíaca.
Com apresentação pública marcada para a próxima segunda-feira, o programa prevê a disponibilização de uma aplicação informática, a “Polis – Healthy Smart Cities”, em que os utentes passarão a dispor de uma maior capacidade de gerir individualmente a sua condição crónica de saúde.
Trata-se de uma aplicação, disponível em IOS e Android, compatível com qualquer telemóvel, no qual os pacientes, numa lógica preventiva, têm acesso à evolução dos seus marcadores de saúde, tais como tensão arterial, peso, frequência cardíaca.
A aplicação recolhe todas as informações e remete-as para a equipa clínica do programa de saúde. Quando se registam parâmetros clínicos desajustados, o paciente é alertado da necessidade de consultar um profissional médico.
De acordo com a autarquia, a aplicação permite ainda ao utilizador vários conteúdos como a gestão da doença crónica, dicas de alimentação e exercício físico.
“Com a implementação deste programa, Santa Maria da Feira torna-se pioneira a nível nacional de um sistema de saúde de medicina preventiva. Desta maneira, contribuiremos para evitar que muitos utentes acorram ao SNS, entupindo urgências e agravando o caos que é já uma realidade em muitas unidades hospitalares”, referiu Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal da Feira.
O autarca refere, ainda, que o envelhecimento da população em Portugal e a evolução das doenças crónicas, “obrigam a um trabalho conjunto entre os profissionais de saúde e o poder autárquico”.
“Estamos a tomar a dianteira e a liderar um processo que vai permitir aumentar a qualidade de vida das pessoas mais idosas, que passarão a usufruir de mais anos sem limitações por doença”, referiu.
Dizendo-se “empenhado” em “liderar uma estratégia para a promoção das pessoas e estilos de vida saudáveis”, promete “trabalhar com as autoridades de saúde no sentido de conhecer a carga de doença associada às principais patologias crónicas e monitorizar a evolução da carga de doença ao longo dos próximos anos”.
Ana Luís Pereira, médica e CEO da empresa HSC – Healthy Smart Cities, entidade responsável pela aplicação informática, adianta que, “esta aplicação visa a promoção da saúde e a gestão da doença em autocuidado e foi desenvolvida de base para ser um projeto comunitário (…) que procura ser o menos invasiva possível, respeitando a privacidade de cada doente”.
Esta aplicação marca a primeira fase do projeto comunitário de saúde que a autarquia da Feira pretende alargar a mais munícipes e a outras possíveis áreas de saúde.
Dos mais envelhecidos
Portugal é um dos países mais envelhecidos da Europa e um dos piores registos ao nível da OCDE, no que se refere a anos de vida com qualidade (livre de limitações por doença) após os 65 anos.
A mortalidade associada à prevalência de doenças crónicas e cancro regista os valores mais elevados entre os países europeus, assim como a prevalência das doenças neurodegenerativas. 50% da população com mais de 65 anos tem pelo menos uma doença crónica e 17%, pelo menos duas.
As causas destas patologias resultam em grande parte dos comportamentos ao longo da vida. Em Portugal, cerca de 57,8% dos portugueses entre os 25 e os 74 anos têm pelo menos uma doença crónica, sendo a hipertensão a mais frequente. Muitos doentes ainda estão por diagnosticar e muitos têm dificuldade em controlar as suas patologias.