A Bienal de Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira inaugurou, este sábado, o primeiro de quatro ciclos expositivos que vão preencher “o entretanto” até à próxima edição que decorrerá em 2024.
Até lá, há quatro datas a reter: 13 de maio e 28 de outubro deste ano, e 23 de março e 20 de julho do próximo. Segundo Helena Mendes Pereira, da equipa de curadoria, responsável pela programação, a bienal será “palco de circulação” de arte, obedecendo a uma “triangulação”: grandes exposições, residências artísticas e coleção da própria.
O primeiro ciclo, assinalado este sábado com a presença do diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, ditou o início da contagem decrescente para a 23.ª edição, em 2024, dedicada ao tema “És livre?”, em alusão aos 50 anos da revolução do 25 de Abril de 1974. Incluiu a inauguração de três exposições em simultâneo, com obras de 115 artistas reunidas em dois espaços distintos.
O Fórum Cultural de Cerveira, casa mãe das bienais, recebe “Uma terna (e política) contemplação do que vive” da coleção Norlinda e José Lima, com arte de Andy Warhol, Sol LeWitt, Rafael Canogar, Ferrán García Sevilla, Antón Lamazares, Eduardo Arroyo, Nikias Skapinakis, Fernando Lanhas, João Cutileiro, Gerardo Burmester, Manuel Cargaleiro, Joana Vasconcelos, Vhils e Bordalo II, com curadoria de Helena Mendes Pereira.
No mesmo espaço, mas no primeiro andar, pode ser visitada a exposição “Livre trânsito_ciclo permanente de residências e intervenções artísticas”, com curadoria de Mafalda Santos, que apresenta trabalhos realizados durante uma residência artística Cerveira da dupla Bärbel Praun e Flaminia Celata e de Francisco Vidal.
O novo espaço expositivo do certame, a Galeria Bienal de Cerveira, no centro da vila, acolhe 14 obras do espólio da bienal, numa exposição intitulada “Espectro”, com curadoria de Raphael Fonseca.
“O que nos propomos fazer para estes dois anos (2023/2024) é esta pergunta: ‘És livre?’. Questionar a liberdade e sobretudo reclamá-la. Vivemos tempos muito difíceis e se não reclamarmos a liberdade, ninguém reclamará. Portanto é o que nos propomos fazer, sempre nesta triangulação: acolher aqui grandes exposições, residências artísticas e apresentar a coleção, sempre em permanência”, declarou Helena Mendes Pereira, considerando que está em curso “uma revolução” na bienal, tendo como “capitão de abril” o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, pelo apoio e “espaço de liberdade que tem dado” à equipa organizadora.
Américo Rodrigues, que fez questão de recordar que “esteve presente na primeira Bienal de Cerveira”, destacou o apoio de “120 mil euro por ano”, concedido pela DGArtes, ao certame, visando a sua “estabilidade e consolidação”. Anunciou que, no âmbito dos incentivos à rede portuguesa de contemporânea, “abrirá, em breve, um programa de apoio financeiro a projetos de coorganização e circulação de exposições e de mediação de públicos, no montante total de dois milhões de euros”.
Considerou ainda que a próxima edição da bienal contribuirá para “a reflexão coletiva sobre o 25 de abril de 1974, que deu inicio a um período de construção democrática”. “A história desta bienal, cruza-se com a história portuguesa, e a mesma espelha-se na coleção da Fundação Bienal de Cerveira e nas dinâmicas deste lugar tornado referência na eurorregião Norte de Portugal e Galiza”, declarou.