Perante a destruição causada pelo sismo de 1 de janeiro de 1980, o Jornal de Notícias informava os leitores que “Angra do Heroísmo parecia uma cidade bombardeada”. Nos Açores, o tremor de terra (de magnitude 7,2) matou 71 pessoas, feriu mais de 300 e desalojou 20 mil. Os danos estenderam-se às ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge. Em menor escala, também se fizeram sentir no Pico e no Faial.
Em dia de festa, o primeiro do ano, o JN refere, que as famílias estavam “em casa, reunidas”, o que pode ter contribuído para aumentar o número de vítimas. O maior abalo ocorreu quando faltavam 17 minutos para as 16 horas, com epicentro no mar, a cerca de 35 quilómetros da cidade de Angra.
“Ouvia gritos e casas a cair”, contou um sobrevivente que ficou sem casa. As derrocadas levaram a que os serviços essenciais como eletricidade e água fossem cortados em várias áreas, dificultando o socorro e o tratamento dos feridos. A destruição foi tal que, dias após o sismo, técnicos avançavam que, na Terceira, 70% das casas tinham sido demolidas incluindo o centro histórico de Angra do Heroísmo.
O socorro começou pouco depois do tremor de terra. Um destacamento da Força Aérea dos Estados Unidos que estava na Base das Lages (que não sofreu danos), os bombeiros, a PSP e a Guarda Fiscal locais foram os primeiros a entrar em ação.
A Força Aérea Portuguesa levou mantimentos e bens essenciais às vítimas do sismo, enquanto a corveta João Coutinho da Marinha levou médicos para o local. O presidente da República viajou até ao local, acompanhado por pessoal médico e com um carga de medicamentos e comida. Durante os três dias de luto nacional anunciados por Ramalho Eanes, realizaram-se várias campanhas de recolha de bens para enviar para os Açores.
“Encontrei os açorianos serenos, resignados e confiantes”, disse o residente da República, à imprensa, no meio das ruínas. No Jornal de Notícias, que fez uma edição especial sobre o sismo, um editorial frisava que “os açorianos estão sempre à espera da próxima crise sísmica. Esta psicose de um povo que em três décadas viveu já quatro situações de calamidade”.
Nas ilhas, o Regimento de Infantaria de Angra do Heroísmo, a PSP, a Guarda Fiscal e os bombeiros abriram caminhos e limparam vias de circulação para a passagem de meios de transporte de socorro e foram instaladas várias tendas para cerca de duzentas famílias. Com as comunicações dificultadas, os radioamadores foram importantes para “facilitar o contacto entre famílias”e também para pedir socorro e ajudar a transmitir notícias entre os Açores e o continente.