Ao 107.º dia de conflito, a situação epidémica em Mariupol é catastrófica. Há dezenas de civis com cólera e outras doenças infeciosas e os cadáveres espalhados pelas ruas já contaminaram o sistema de abastecimento de água. Autarca local teme que haja milhares de mortos. Os combates em Severodonetsk “prosseguem ferozes”, com Kiev a garantir que está “a desgastar o inimigo”. Os principais pontos-chave da invasão que dura há mais de três meses.
– Os cinco Estados-membros da União Europeia (UE) que participam na Equipa de Investigação Conjunta (EIC) sobre alegados crimes de guerra na Ucrânia têm já “grandes quantidades de provas” pelos testemunhos de refugiados, avançou a Eurojust à Lusa. “Os Estados-membros da UE que participam atualmente na EIC [Lituânia, Polónia, Estónia, Letónia e Eslováquia] estão todos na posse de grandes quantidades de provas sob a forma de testemunhos e depoimentos de vítimas, provenientes de refugiados ucranianos”, revelou.
– O autarca da cidade de Mykolaiv, Oleksandr Senkevych, disse que a Rússia atacou um silo de armazenamento de cereais naquela cidade portuária do sul da Ucrânia.
– O governador de Lugansk, Serhiy Haidai, afirmou que “prosseguem os combates ferozes” na importante cidade estratégica de Severodonetsk, na região do Donbass. “Estamos a desgastar o inimigo”, disse Haidai, citado pela BBC, garantindo que uma importante estrada que faz ligação a outras cidades continua sob controlo ucraniano. Contrariamente à versão do autarca, o Ministério da Defesa britânico informou que a Rússia retomou “o controlo da maior parte” de Severodonetsk.
– Os militares russos não estão a fornecer serviços públicos básicos à população nos territórios ocupados, o acesso à água potável não está garantido e há “perturbações significativas nos serviços telefónicos e de Internet”, disse a Defesa britânica. O ministério adverte que “a escassez crítica de medicamentos é suscetível de ocorrer em Kherson”, enquanto em Mariupol “aumenta o risco de um surto de cólera”.
– O autarca da cidade portuária, Vadym Boychenko, revelou que há dezenas de pessoas doentes em Mariupol. “Cólera, disenteria [tipo de gastroenterite] e outras doenças infeciosas já estão na cidade, mas eles [as tropas de Moscovo] estão a escondê-las”, referiu, garantindo que não há forma de travá-las, “sem médicos e sem hospitais”. Boychenko acrescentou milhares de civis poderão morrer com estas doenças, já que os cadáveres não são recolhidos das ruas, contaminando o sistema de abastecimento de água.
– A Ucrânia estimou hoje em cerca de 32 mil os soldados russos mortos em combate, incluindo mais de 200 no último dia.
– O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos defendeu esta sexta-feira que a condenação à morte, por autoridades separatistas pró-Rússia, de combatentes estrangeiros que lutaram ao lado dos ucranianos constitui “crime de guerra”.
– O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, exortou novamente a União Europeia (UE) a acelerar o processo de adesão e a virar a página da “zona cinzenta”, porque a situação atual representa uma “tentação” para a Rússia.
– A Rússia pediu esta sexta-feira o fim das “interferências” no sistema judicial da autoproclamada república de Donetsk, no leste da Ucrânia, após a condenação à morte de dois cidadãos britânicos e de um marroquino por participarem na guerra na Ucrânia pelo lado ucraniano.
– O Papa Francisco e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reafirmaram o compromisso comum de trabalhar para pôr fim à guerra na Ucrânia, alertando para as suas consequências humanitárias e alimentares.
– O secretário da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, visitou Kiev e encontrou-se com a homóloga ucraniana, Oleksii Reznikov, e com o chefe de Estado, Volodymyr Zelensky. Num vídeo partilhado no Telegram, e citado pela BBC, Wallace surge a dizer que o presidente da Ucrânia está a fazer “um trabalho incrível”. Zelensky agradeceu a visita, defendendo que “a guerra realça quem é nosso amigo, não apenas estratégico, mas amigo de verdade”.
– A França está disponível para participar numa “operação” para desbloquear o Porto de Odessa, no sul da Ucrânia, e exportar cereais para países que precisam deles.
– A Amnistia Internacional afirmou que haver três soldados estrangeiros condenados à morte por um tribunal russo é uma situação que “não tem precedentes”.