Da Esquerda à Direita, os partidos deixam críticas à mensagem de Natal de António Costa, na qual deixou três mensagens aos portugueses: paz, solidariedade e confiança.
O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, afirmou que, “apesar de aparentar ser um primeiro-ministro confiante”, António Costa “é um primeiro-ministro de braços caídos que não representa um projeto político capaz de transformar Portugal”, como o país “precisava”.
“Sabemos que Portugal está cada vez mais na cauda da Europa, que é um país mais pobre, quer porque as pessoas têm mais dificuldade no seu dia-a-dia, quer porque os serviços públicos são, de facto, mínimos para o que é o máximo de impostos que os portugueses e empresas pagam”, assinalou Hugo Soares.
“O primeiro-ministro falou muitas vezes de solidariedade, mas apenas no último trimestre do ano se lembrou e percebeu que as pessoas estavam com cada vez mais dificuldades face ao aumento do custo de vida”, criticou.
“Eu diria que nós hoje tivemos um doutor António Costa de braços caídos, sem dizer ao país aquilo que quer projetar nos próximos meses, sem oferecer uma palavra, essa sim, de esperança concreta para mudar a vida das pessoas”, afirmou Hugo Soares, defendendo, por isso, que “Portugal precisa de uma nova força, de um novo caminho” e que o “primeiro-ministro já não representa nem essa força nem esse caminho”.
IL: Costa fez um autoelogio
O presidente da IL considerou que a mensagem de Natal do primeiro-ministro “não dá qualquer confiança” à população e que António Costa fez uma “espécie de autoelogio”, enquanto o país continua a “regredir”.
“O primeiro-ministro embarca numa espécie de autoelogio, a dizer que recuperou a economia, recuperou as aprendizagens, conseguiu pôr ordem no Serviço Nacional de Saúde [SNS]. Nada disto os portugueses veem, isto não é verdade”, sustentou João Cotrim de Figueiredo, numa mensagem enviada à Lusa.
O país “não está a crescer aquilo que poderia” e está “paulatinamente e regularmente a ser ultrapassado” por Estados-membros que aderiram recentemente à União Europeia.
Sobre o SNS “nem vale a pena falar”, uma vez que “o caos é testemunhado pelos portugueses todos os dias” e, para João Cotrim de Figueiredo, só vai ser resolvido com uma “reforma profunda”.
PCP: um país que os portugueses não reconhecem
“Nesta curta declaração do primeiro-ministro, de quatro, cinco minutos, ele [António Costa] procurou pintar uma imagem do país em que dificilmente os portugueses se reconhecerão”, considerou o dirigente comunista Jorge Pires, numa declaração na sede do partido, em Lisboa.
Jorge Pires acrescentou que António Costa “utilizou muitas vezes” a expressão “confiança” na declaração que fez ao país, mas advertiu que só é possível haver confiança com a resolução do “problema dos salários, o problema da inflação e da perda de poder de compra sistemático”.
A “confiança no futuro” só é possível com “um conjunto” de decisões que o PCP “tem há muito vindo a reclamar e que sistematicamente o Governo do PS recusa”, por exemplo, o aumento do salário mínimo para os 850 euros já em janeiro e a tributação dos lucros extraordinários dos principais grupos económicos.
“Não se pode falar em confiança no futuro olhando para esta situação e não tomando as medidas que são necessárias. E as medidas fundamentais são o aumento dos salários, o aumento das pensões e das reformas, e relativamente a isso o Governo não tem feito nada”, completou.
CDS-PP acusa Costa de desvalorizar “momento difícil”
O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, critica a mensagem de António Costa, atribuindo ao chefe do executivo quatro cognomes: “o esbanjador”, “o ‘eutanasiador’ da Constituição”, “o cobrador de impostos” e “o responsável pela emigração dos jovens”.
“A mensagem de Natal do primeiro-ministro desvalorizou o momento difícil que os portugueses vivem e não deu as explicações que o país aguarda”, afirma o centrista.
“O CDS entende que sobre este caso em concreto [da indemnização a Alexandra Reis], o primeiro-ministro tinha que ter dado hoje as explicações que vem negando ao país”, disse, numa nota enviada à Lusa.