As eleições dos EUA realizam-se esta terça-feira, 5 de novembro. A disputa para o cargo de presidente de um dos países mais poderosos do mundo está renhida, mas não parece ser pelas melhores razões. Muitos eleitores não acreditam nem no projeto de Donald Trump, nem do de Kamala Harris. No entanto, entre ambos há uma incomensurável diferença, como sublinharam, na SIC Notícias, Catarina Martins, da BE, e Cecília Meireles, do CDS.

 

“Compreendo quem diz que não vê uma diferença entre as duas candidaturas num projeto económico, num projeto de igualdade, num projeto capaz de responder às alterações climáticas, porque não existe. Há dois projetos políticos e económicos que são à Direita, mas há diferenças várias e são grandes. Diferenças até sobre a formalidade democrática. Donald Trump não cumpre os mínimos, não cumpre os mínimos do respeito democrático. Aliás, voltou a fazer algo muito grave ao insinuar que dar tiros à comunicação social podia ser bom para a sua campanha”, começou por recordar a eurodeputada bloquista, considerando que “a violência é a campanha” do candidato republicano.

“Ele encarna a política como violência, para ele violência é política. Mas há outras questões, como a imigração. Ele promete que vai deportar imigrantes, o que é extraordinário porque ele está a falar dos EUA, onde sem migrantes não há nação. Os povos nativos foram chacinados. Portanto, imigrantes somos todos”, atirou Catarina Martins, lembrando que tanto a mulher de Trump, Melania, como um dos maiores doadores da campanha, Elon Musk, são migrantes.

Por isso, apesar de, na opinião da antiga líder do BE, “nenhum dos candidatos garantir nenhuma mudança” num “mundo que está em guerra” e ambos serem “apoiantes do governo de extrema-direita de Israel”, há uma diferença clara entre eles: “a política da violência”, exercida por Donald Trump.

O que não diverge muito da opinião da antiga deputada do CDS Cecília Meireles. Para a centrista “uma campanha que não inspira as pessoas a nada, que só inspira as pessoas a terem medo de alguma coisa é, logo à partida, uma campanha muito pobre”.

“Eu não gosto de Kamala Harris, não gosto da campanha que ela fez e discordo de parte substancial das suas propostas, mas acho que Trump representa um problema diferente. Trump é um candidato que, depois de ser presidente, foi a eleições e não aceitou os resultados eleitorais. Trump é um candidato que aceitou uma tentativa violenta de invasão do Capitólio, que é o símbolo do poder democrático e da liberdade”, realçou, clarificando que “o problema com Trump não tem a ver com direita ou com esquerda, não tem a ver com as suas propostas, não tem a ver com progressismo ou conservadorismo, não tem a ver com ser-se mais politicamente correto ou incorreto”.

“Tem a ver com esta coisa básica: o dever fundamental de qualquer candidato a presidente dos EUA é aceitar qualquer resultado de umas eleições ou opor-se nos tribunais. Trump é o único presidente dos EUA que não assegurou uma transição pacífica para o presidente seguinte e isso desclassifica qualquer pessoa para ser candidato”, notou.

Por essa razão, Cecília Meireles “não teria dificuldade em escolher entre um e outro” candidato, uma vez que considera que Trump não tem “valores”. Só espera “que se Kamala ganhar tenha um mandato curto e que ela não tenha muito tempo para fazer as asneiras que propõe”.

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