Nas semanas finais antes da eleição de 05 de novembro, o candidato republicano está a intensificar os estereótipos masculinos e a defesa dos papéis tradicionais de género, refletindo o foco nos votos dos homens, numa disputa com a vice-presidente democrata, Kamala Harris.

 

Enquanto Harris está a utilizar expressões de uso casual, que visam cativar homens negros e latinos, o campo de Trump está a apelar ao conceito de “machos alfa”, muitas vezes com uma linguagem rude e agressiva.

“Se és um homem neste país e não votas em Donald Trump, não és um homem”, resumiu Charlie Kirk, fundador da Turning Point USA, no seu podcast.

Esta competição entre Trump e Harris está a estender-se a pequenos grupos de eleitores indecisos nos estados mais relevantes, que vão definir o resultado final.

“Estás a pensar em abster-te ou apoiar alguém que tem um histórico de te denegrir, porque achas que isso é um sinal de força, porque achas que isso é que é ser um homem?” — respondeu o ex-presidente Barack Obama (democrata), dirigindo-se a homens negros na semana passada, na Pensilvânia, o maior estado decisivo.

Trump venceu entre os homens em 2016, quando derrotou a democrata Hillary Clinton, e em 2020, quando perdeu para o presidente Joe Biden. Este ano, os homens parecem inclinar-se para Trump e as mulheres para Harris, embora o tamanho da diferença varie conforme as sondagens.

“Não cedemos nenhum terreno na luta pelos eleitores que vão decidir esta eleição”, disse Seth Schuster, porta-voz de Harris.

“As únicas pessoas com quem Trump parece disposto a falar são aquelas que o fazem sentir-se bem consigo mesmo, o que dificulta a forma de conquistar eleitores, especialmente mulheres, que são afastadas pela sua agenda tóxica”, acrescentou.

O país tem uma lista ininterrupta de presidentes homens, que foram apresentados como figuras paternas, modelos de comportamento e arquétipos da masculinidade.

A tentativa de homicídio de Trump em julho trouxe uma aura de resistência ao candidato presidencial, depois de ele ter gritado, imediatamente após o tiro: “Lutem, lutem, lutem!”

Esse discurso visa também as mulheres suburbanas, de classe média. “Acho que as mulheres gostam de mim porque serei o vosso protetor”, disse Trump na sexta-feira aos seus apoiantes em Aurora, Colorado, acrescentando: “As mulheres querem proteção. Elas não querem que essas pessoas entrem a correr”.

Figuras que apoiam Harris e que têm uma audiência maioritariamente masculina, como o radialista Howard Stern, foram insultadas por Trump.

Segundo o investigador Jackson Katz, Trump está a seguir uma estratégia política dos anos 1960 e 1970, procurando categorizar os seus oponentes como fracos ou femininos, para atrair os homens brancos da classe trabalhadora.

Hoje a campanha de Trump “é realmente como uma novela para homens”, explicou Katz.

Os estudos mais recentes indicam que as mulheres jovens estão a tornar-se mais liberais e os homens mais conservadores.

Nas semanas finais da eleição, essas dinâmicas podem representar uma oportunidade para as campanhas, à medida que procuram obter mais apoio de segmentos muito pequenos do eleitorado que ainda não escolheram um lado.

“Parece haver uma batalha nesta campanha para definir a masculinidade”, escreveu Jack Z. Bratich, professor de comunicação na Universidade Rutgers, em resposta à agência de notícias Associated Press.

Trump, explicou, está a “aproveitar-se das suas inseguranças e ressentimentos para que se sintam empoderados a votar nele como uma forma de restaurar a ordem patriarcal.”

Harris revelou um plano para dar mais incentivos e oportunidades económicas aos homens negros e, na madrugada de quarta-feira, irá participar num debate com Charlamagne tha God, um influente radialista.

Já o seu candidato a vice-presidente, Tim Walz, recentemente foi caçar faisões com repórteres e falou sobre futebol americano.

Nesse esforço, Harris também anunciou que irá dar a sua primeira entrevista na Fox News, um canal conservador, uma decisão que motivou já críticas de Trump.

“A Fox ficou tão fraca e mole com os democratas”, criticou.

Leia Também: Trump sugere taxas às importações acima de 50% para salvar empregos

Compartilhar
Exit mobile version