O socialista Sérgio Sousa Pinto considerou, na sexta-feira, que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, teve uma atitude “pouco séria” ao “deslocar a discussão dos incêndios para a área criminal”, defendendo que há “muitas” razões a apontar no que diz respeito à origem dos fogos. 

 

Pareceu-me uma coisa pouco pedagógica e pouco séria deslocar a discussão dos incêndios para a área criminal“, disse o deputado do PS, em declarações na CNN Portugal, defendendo que é preciso não ignorar que há um “fenómeno dos incêndios nos climas mediterrânicos, num período de alterações climáticas, em que a extensão quente coincide com a estação seca” e em que, face ao tempo que já passou desde alguns incêndios, “os matagais e o combustível estão num nível muito elevado”.

“As razões são muitas, muitas”, sublinhou. 

Desta forma, criticou diretamente Montenegro, a quem acusou de ter adotado “o registo de justiceiro florestal”. 

“Há tantas abordagens sérias, foi logo buscar o registo de justiceiro florestal. Tremam pirómanos que Montenegro vem aí e com a sua poderosa ministra da Administração Interna, que entretanto aparece logo a seguir, assim com um ar meio ensonado, a dizer que por acaso ate tinha o telemóvel ligado, não sabe porque é que não recebeu a chamada“, ironizou o socialista. 

Recorde-se que foi depois de um Conselho de Ministros extraordinário, presidido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que Montenegro anunciou a criação de “uma equipa especializada” para investigar criminalmente a origem dos incêndios dos últimos dias, falando em “coincidências a mais” e “interesses particulares”. Além disso, prometeu: “Nós não vamos largar estes criminosos, nós não vamos largar este combate a quem coloca todo um país em causa”. 

Montenegro considerou que há uma necessidade de os portugueses “saberem que o Estado, em seu nome, vai atrás dos responsáveis por estas atrocidades” e assegurou que o Governo não vai “regatear nenhum esforço na ação repressiva”.

“Nós não podemos perdoar a quem não tem perdão. Nós não podemos perdoar atitudes criminosas que estão na base de muitas das ignições que ocorreram nos últimos dias. Sabemos que há fenómenos naturais e sabemos que há circunstâncias de negligência que convergem para que possam eclodir incêndios florestais. Mas há coincidências a mais”, considerou.

O primeiro-ministro anunciou hoje que será criada “uma equipa especializada” para investigar criminalmente a origem dos incêndios dos últimos dias, falando em “coincidências a mais” e “interesses particulares”.

Lusa | 20:46 – 17/09/2024

Já a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, viu-se envolvida em polémica, após ser acusada pela autarca de Arouca de ter o “telemóvel desligado”. Recentemente, após vários dias de silêncio, explicou que foi verificar os seus contactos e não tinha qualquer telefonema da autarca porque o número de telefone que lhe foi dado não era o seu.

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