Em comunicado, a comissão “condena veementemente” as declarações de Ana Paula Martins sobre a situação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) proferidas hoje à margem da inauguração da Unidade de Endoscopia Digestiva dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa.

 

“Não é digno de um estado de direito a diabolização do exercício do direito à greve constitucionalmente consagrado”, lamentou ainda o órgão que representa os trabalhadores do instituto, para quem as declarações da ministra “demonstram uma clara falta de respeito e de reconhecimento pelo muito que todos os profissionais do INEM fizeram ao longo dos últimos anos, com elevado esforço e com parcos recursos”.

“Estranhamos que a senhora ministra, após ter ignorado olimpicamente a reivindicação dos profissionais de saúde da carreira especial TEPH, que tem anos e passou por diversos governos, venha colocar o ónus da responsabilidade nos TEPH, quando é a constante inépcia do Ministério da Saúde que tem resultado num claro prejuízo da imagem do instituto”, refere o comunicado.

Para que a “refundação” do instituto possa acontecer deve “começar com o reconhecimento do trabalho, dedicação e abnegação dos profissionais do INEM”, alegaram ainda os trabalhadores.

Em declarações aos jornalistas, a ministra da Saúde reconheceu que não esperava as greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar, adiantando que a tutela está a trabalhar para que nos próximos dias sejam criadas “linhas alternativas de apoio”.

“Não podemos prometer que de um dia para o outro teremos um atendimento mais rápido, mas posso dizer que há duas medidas que tomaremos e que já estamos a tomar. Uma é os técnicos de emergência pré-hospitalar estarem mais dedicados à orientação de doentes urgentes e também, nas próximas 24/48 horas, termos linhas alternativas de apoio”, disse Ana Paula Martins.

A governante explicou que compreende muito bem a luta, porque “os técnicos de emergência pré-hospitalar sentem-se injustiçados”.

“Não estávamos à espera, porque estamos de boa-fé, a querer realmente […] a avançar para uma negociação. Não estávamos à espera que, neste momento, os técnicos de emergência pré-hospitalar se recusassem a fazer horas extraordinárias, mas compreendemos, porque a falta de pessoal é tanta, que as horas extraordinárias acabam por ser a única forma de compensar”, observou.

Ao início da tarde de hoje a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) alertou que “o colapso” do sistema de triagem de doentes gerido pelo INEM está a criar uma “pressão extraordinária” nas corporações de bombeiros.

Os TEPH do INEM — uma estrutura que tem menos de metade de elementos do que o previsto no quadro – estão a fazer greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, uma situação que está a criar vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.

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