Tiago Rodrigues falava em entrevista à agência Lusa a propósito da 78.ª edição do Festival de Avignon, que começa no sábado nesta cidade francesa.
Os franceses votam no próximo domingo na primeira volta das eleições legislativas, convocadas antecipadamente pelo Presidente da República, Emmanuel Macron, após os maus resultados do seu partido nas eleições europeias, nas quais o partido de extrema-direita francês União Nacional (RN, na sigla em francês) foi o mais votado.
“O contexto político hoje na sociedade francesa e a concomitância com as eleições legislativas responsabilizam o festival a tomar posição publicamente, institucionalmente, para estar à altura da sua história e dos valores e princípios que o fundaram em 1947”, frisou Tiago Rodrigues.
Reiterando que o evento se assume como “um festival republicano, democrático, progressista, ecologista, feminista e antirracista”, o encenador e dramaturgo português apelou ao voto nas eleições legislativas francesas, esperando que este seja feito “no campo democrático e contra a extrema-direita e o RN”.
Para Tiago Rodrigues, o voto na extrema-direita e no RN seriam “uma ameaça não apenas para a diversidade de visões do mundo que dá forma ao festival, a liberdade de expressão que é o coração também deste evento”, mas também “uma ameaça à democracia francesa”.
E uma ameaça ao “país dos direitos humanos e das luzes e da exceção cultural que [o festival] sempre defendeu ao longo de 80 anos a favor da cultura e da criação no centro da cidadania”, concluiu.
O partido de extrema-direita francês União Nacional mantém a liderança sobre a Frente Popular de esquerda e o bloco ‘macronista’, antes da primeira volta das eleições legislativas de domingo em França, segundo a última sondagem, divulgada na quarta-feira.
O RN tem 36% das intenções de voto, o mesmo número que no último estudo de opinião do Ifop, ao passo que a coligação das esquerdas Frente Popular continua com 28,5% e o bloco do Presidente da República francês, Emmanuel Macron, se mantém nos 21%.
Leia Também: França. Direita republicana promete “reconstruir um grande partido”
