Os investigadores debatem há décadas se a atividade sísmica ocorreu durante a erupção do Monte Vesúvio, há quase 2.000 anos, e não pouco antes, como relatou o romano Plínio, o Jovem, nas suas cartas.

 

O artigo publicado na quinta-feira na “Frontiers in Earth Science”, uma revista académica que cobre geoquímica e sismologia, lança uma nova luz sobre o famoso sítio arqueológico, argumentando que um ou mais sismos simultâneos foram “uma causa que contribuiu para o colapso de edifícios e a morte de moradores”.

“As nossas descobertas sugerem que os efeitos do colapso de edifícios desencadeados pela sismicidade sineruptiva (atividade sísmica no momento de uma erupção) devem ser considerados como uma causa adicional de morte na antiga Pompeia”, defendem os autores do estudo.

Os cientistas afirmam que embora exista uma extensa literatura sobre os danos causados pelos sismos antes da explosão do Vesúvio, “nenhuma evidência foi relatada até agora” dos danos causados por um terramoto que ocorreu ao mesmo tempo que a erupção.

Os arqueólogos estimam que 15 a 20 por cento da população de Pompeia morreu durante a erupção, principalmente devido ao choque térmico provocado pela gigantesca nuvem de gás e cinzas que cobriu a cidade.

As cinzas vulcânicas enterraram Pompeia, preservando perfeitamente as casas, os edifícios públicos, os artefactos e até os residentes da cidade romana, até à sua descoberta no final do século XVI.

Em maio de 2023, os arqueólogos descobriram os esqueletos de dois homens que parecem ter sido mortos não pelo calor e pelas nuvens de gás e cinzas, mas pelos traumatismos causados pela derrocada de paredes.

Uma das vítimas foi encontrada com a mão esquerda levantada, como se quisesse proteger a cabeça.

“É de salientar que estes traumatismos são análogos aos das pessoas envolvidas nos sismos modernos”, sublinham os autores, que determinaram que o colapso das paredes não se deveu à queda de pedras e detritos, mas sim à atividade sísmica.

“Numa perspetiva mais ampla que tenha em conta toda a cidade, consideramos, como hipótese de trabalho, que as perdas [humanas] causadas pelo desabamento de edifícios desencadeado por sismos podem não se limitar a estes dois indivíduos”, sublinharam ainda os autores, defendendo uma abordagem multidisciplinar com a colaboração de arqueólogos e especialistas em ciências da terra.

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