O estudo ‘State of European Tech – SoET’ (nome em inglês) cumpre 10 anos em 2024 e assinala este marco uma edição especial que faz um balanço de uma década do crescimento tecnológico europeu e destaca o potencial e desafios do setor.
“Portugal fez grandes progressos na última década – foram angariados 145 milhões de dólares entre 2005-2014, aumentando para 1,5 mil milhões de dólares (mais de 1,4 mil milhões de euros) entre 2015-2024”, afirmam, em declarações à Lusa os coautores do relatório Sarah Guemouri (diretora da Atomico e Tom Wehmeier (diretor de ‘insights’ da Atomico), quando questionados como Portugal se compara face a outros mercados europeus.
No entanto, “é evidente que existe uma oportunidade para a tecnologia portuguesa se desenvolver ainda mais. Se olharmos para o seu investimento em relação ao PIB [produto interno bruto], Portugal investe atualmente 0,06% do seu PIB em tecnologia” isso “coloca-o na metade inferior do intervalo na Europa, pelo que há definitivamente espaço para crescimento”, consideram.
“O acesso ao capital, um governo que continue a premiar e a apoiar o empreendedorismo e o reforço da reserva de talentos locais serão fundamentais para desbloquear todo o potencial de Portugal”, defendem.
Aliás, “temos assistido a alguns desenvolvimentos realmente promissores nos últimos anos, incluindo um aumento do financiamento do governo para o sul da Europa, como evidência dos esforços locais e liderados pela UE para apoiar a região”, acrescentam.
Segundo o estudo, as tecnológicas portuguesas estão no “bom caminho” para angariar 92 milhões de euros até final do ano, tal como as empresas da Grécia.
No que respeita às empresas espanholas, estas “podem obter cerca de 1,3 mil milhões de euros, igualando os números de 2023, e as italianas podem arrecadar cerca de 800 milhões de euros”, comparativamente aos quase 1.000 milhões de euros obtidos no ano passado.
Desde que a Atomico lançou o primeiro relatório, em 2015, as empresas de tecnologia na Europa angariaram cerca de 400 mil milhões de euros, “10 vezes mais do que obtiveram na década anterior (2005-2014)”.
A Atomico espera que as empresas europeias obtenham este ano “quase 42.000 milhões de euros em investimentos, em conformidade com os quase 44 mil milhões de euros conseguidos em 2023”.
Questionados sobre se a inteligência artificial (IA) será um fator impulsionador das tecnológicas em Portugal, tanto Sarah Guemouri como Tom Wehmeier consideram que o país “tem um enorme potencial” nesta matéria.
Isso graças, “em parte, às suas excelentes universidades e ao seu rico ‘pedigree’ STEM [ciências, tecnologias, engenharia e matemática], que o ajudaram a desenvolver uma forte base de talentos em IA”, argumentam.
Este ano, “Portugal ocupava o 12.º lugar na Europa no que diz respeito ao total de funções de IA ativas (17,7 mil), subindo para o 7.º lugar quando ajustado à dimensão da população”, detalham.
Se este talento e potencial de IA “puderem ser impulsionados pelo acesso ao capital e por um ambiente de apoio ao empreendedorismo, não há razão para que a IA não possa ser uma força motriz na tecnologia portuguesa”, concluem os coautores do estudo.
No que respeita ao talento, entre 2015 e 2024, “o número de trabalhadores do setor tecnológico em Portugal passou de 5.200 para 20.700, em Espanha o aumento foi de 14.000 para 175.000 e, em Itália, de 26.000 para 167.000”, lê-se no documento.
O SoET reúne dados quantitativos de 41 países europeus e um inquérito feito a milhares de fundadores, operadores e investidores, tendo como objetivo compreender o que está a acontecer na Europa no setor tecnológico.
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