“Celebrar e festejar o 25 de Abril é importante”, disse à Lusa o encenador da peça, Rodrigo Aleixo, sublinhando a “extrema relevância de lembrar, para não esquecer” que antes do 25 de Abril de 1974 houve “presos políticos que foram torturados e mortos e famílias inteiras que sofreram com a opressão e a censura”.

“E esses acontecimentos não constam dos manuais de história nem são ensinados às gerações mais novas, que do 25 de Abril sabem pouco mais do que ter sido a Revolução dos Cravos, sem que lhes seja ensinado nada sobre o regime opressor do Estado Novo”, frisou.

Numa altura em que “a extrema-direita surge e cresce na Europa, assim como em Portugal, é importante lembrar tudo o que antecedeu o 25 de Abril de 1974 para que a História não volte a repetir-se”, enfatizou Rodrigo Aleixo, que também assina a dramaturgia.

“Não estamos a viver tempos como na ditadura, mas a ameaça já é muito estranha”, disse, considerando que a “classe artística já sente essas ameaças”, tal como sente uma “determinada censura ainda que velada”.

“Quando não se diz as centenas de pessoas que morreram espancas e torturadas, as famílias e o que o povo sofreu na pele nos tempos da ditadura está-se a branquear a história” e o crescimento da “extrema-direita junto da população mais jovem tem muito a ver com a ignorância sobre o que são ditaduras”, observou.

“Preservar, celebrar e lembrar para não esquecer” são, segundo Rodrigo Aleixo, objetivos do espetáculo com que o TEC comemora os 50 anos do 25 de Abril de 1974 e que assenta numa investigação de dois meses a partir de documentos históricos.

Documentários sobre a libertação dos preços políticos no “Forte de Caxias”, como era conhecido o Estabelecimento Prisional daquela vila no concelho de Oeiras, memórias de presos políticos do acervo do Museu do Aljube, em Lisboa, e contactos com familiares de presos políticos, sobretudo dos presos em Caxias, estiveram também na base da dramaturgia construída por Rodrigo Aleixo.

“Apesar de ter só 27 anos estou muito grato por tudo o que consegui aprender sobre o que se passou antes da Revolução dos Cravos e por viver em liberdade. E é necessário transmitir isso às gerações mais novas sob pena de estarmos a branquear o passado ou a censurá-lo”, observou.

‘A última prisão’ é o texto inédito com que Francisco Quintas concorreu e venceu, em 2023, a 2.ª edição do Prémio de Teatro Jovem TEC.

A interpretar ‘A última prisão’ estão Afonso Jerónimo, André Magalhães, Baltasar Marçal, Joana Castro, João Craveiro, João Vicente, Luiz Rizo, Teresa Côrte-Real e Vasco Maranha.

Em cena até 21 de maio, com récitas de terça-feira a sábado, às 21h00, e, ao domingo, às 16h00, o espetáculo tem cenografia e figurinos de Fernando Alvarez, desenho de luz de Diana dos Santos, assistência de encenação de Marta Lopes Correia e direção de montagem de Rui Casares.

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