Renato Sanches vive uma nova fase da carreira em Portugal, na sua segunda passagem pelo Benfica, o clube onde realizou toda a sua formação e onde aprendeu, de facto, a jogar futebol.
Um dos treinadores que o médio encontrou no Centro de Treino e Formação dos encarnados foi Renato Paiva, treinador que, em entrevista ao Desporto ao Minuto, admitiu que o médio, sem as lesões que o têm ‘assombrado’ no passado recente, ainda pode continuar a sonhar com o topo do futebol europeu.
Nesta conversa, o timoneiro do Toluca comentou o atual panorama do futebol português, estando este muito diferente agora do que na altura em que Renato Paiva deixou os escalões de formação do Benfica para treinar o Independiente del Valle, no Equador.
Se não tiver lesões, o Renato é um jogador extraordinário.
De que forma viu o regresso do Renato Sanches ao Benfica? Acha que este empréstimo é o passo certo para a sua carreira?
O Renato tem tido uma carreira marcada por lesões, por altos e baixos, e às vezes é preciso ir para um sítio que se calhar não é tão exigente para poder jogar e depois voltar a relançar a carreira dele.
Conhecendo-o como conhece, é um jogador que ainda pode brilhar novamente ao serviço do Benfica e que ainda pode ambicionar voos maiores?
Se não tiver lesões, o Renato é um jogador extraordinário. Agora é preciso é que ele não tenha lesões, porque essas é que têm sido o grande problema da história recente dele. Se ele não tiver lesões, aí, obviamente vai atingir patamares altos, porque tem características e qualidades muito boas. Agora, se tiver lesões, já vai ser outro cenário.
Renato Sanches foi emprestado pelo PSG ao Benfica até ao final da temporada© SL Benfica
O Renato cruzou-se com vários jogadores nos escalões de formação do Benfica e muitos deles estão hoje a dar cartas em vários clubes grandes da Europa, com outros tantos a tornarem-se peças-chave no Benfica. Como é que isso o faz sentir-se?
O que eu digo sempre em relação aos treinadores de formação é que os títulos são estes, não é ganhar campeonatos sub-15, nem sub-17, apesar de termos ganhado uns quantos. [risos]. Os títulos são estes, ter trabalhado com jogadores que, hoje, estão na alta roda do futebol mundial. Isso é, para mim, o grande motivo de orgulho. Eu considero que os jogadores são sempre o mais importante, eles são os grandes responsáveis por aquilo que conseguem conquistar. Olho com grande orgulho para o facto de alguns estarem na seleção, estarem nesses grandes clubes. Esse é que é o grande objetivo do treinador de formação, para além de dizer que o grande objetivo é que eles cheguem à primeira equipa do clube onde fazem essa formação.
De que forma é que o Renato tem visto as recentes alterações no panorama do futebol português e, mais concretamente, o facto de o Sporting ser uma equipa muito mais capaz de discutir o campeonato do que quando deixou Portugal para treinar na América do Sul?
O caso do Sporting não me surpreende, porque está inserido num projeto, um projeto altamente estruturado. E quando eu digo isto, não estou a dizer que os outros ‘grandes’ não sejam, mas estou a falar do Sporting.
Quanto mais tempo estiver o Rúben Amorim no seu lugar, mais forte a equipa vai estarRúben Amorim é o principal responsável por estes resultados?
O Sporting do Rúben Amorim é uma equipa de autor, tem a impressão digital do treinador. O Amorim chegou, foi campeão, depois teve dois anos sem ser e, aí, era fácil despedi-lo. Ficou em quarto lugar, era tão fácil mandar embora o Rúben, só que as pessoas estão lá dentro, sabem o dia a dia, trabalham com ele, veem a sua competência, veem a sua qualidade, veem a energia dos jogadores a desenvolverem-se e sabem que não se pode ganhar sempre, nem o Guardiola ganha sempre. Isto demonstra uma filosofia, um método, uma forma de analisar os processos entre treinador e clube, clube e treinador.
O Sporting é mais forte se mantiver Rúben Amorim durante muito tempo?
A estabilidade ajuda muito um clube e o Sporting ficará, sem dúvida cada vez mais forte. Quanto mais tempo estiver o Rúben Amorim no seu lugar, mais forte a equipa vai estar. Depois, vai à Liga dos Campeões, gera dinheiro, dinheiro traz mais dinheiro, vai-se olhando para a academia, vai-se fazendo vendas… Isto é aquilo a que me refiro quando falo do processo correto, que em várias coisas vai crescendo e vai dando os seus resultados.
E em relação ao FC Porto, o que tem a dizer?
O FC Porto teve eleições. Mudam-se as cabeças, mudam-se as vontades.
No Benfica tivemos, recentemente, o despedimento do Roger Schmidt. Era uma decisão inevitável?
São decisões da direção. A direção será sempre soberana nos clubes. Se a direção entendeu que era a melhor decisão, pois então terá de encontrar outro rumo. Certamente não estavam satisfeitos com os resultados, acho que isso é óbvio.
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