“Não tenho sangue nas minhas mãos. De acordo com os números de que disponho, morreram 19 pessoas. É muito lamentável. Como democracia, isto não deveria fazer parte da nossa conversa”, afirmou o chefe de Estado numa entrevista à televisão queniana.

“Haverá um inquérito sobre a morte destes 19 quenianos. Haverá uma explicação para cada um deles”, prometeu, acrescentando que “a polícia fez o seu melhor” e que “se houve excessos” existem “mecanismos para garantir que esses excessos são resolvidos”.

O número avançado pelo Presidente constitui o primeiro registo oficial dos mortos feitos pela polícia no dia de protestos, que abriu fogo sobre os manifestantes que invadiram o parlamento, após a votação do projeto de orçamento para 2024-25, que incluía aumentos de impostos.

No sábado, a organização não-governamental Human Rights Watch afirmou ter registado, pelo menos, 31 mortes em várias cidades do país.

Já a agência oficial queniana de proteção dos direitos humanos (KNHRC) calculou em 22 o número de mortos na terça-feira.

Várias centenas de pessoas – na sua maioria jovens – marcharam hoje pacificamente pela capital do Quénia, Nairobi, em homenagem às vítimas, exibindo cartazes com as palavras ordem “Ruto Must go” [Ruto tem que sair] e “Tuesday Holiday” [terça-feira feriado], em referência ao próximo dia de manifestações, agendado para a próxima terça-feira.

No dia seguinte à repressão mortífera da manifestação, Ruto anunciou que ia retirar o projeto de orçamento que tinha desencadeado os protestos, mas o movimento de contestação do chefe de Estado – que está a mobilizar fortemente os jovens – tem vindo a catalisar um descontentamento público mais amplo em relação às políticas do governo.

Eleito em agosto de 2022 com a promessa de defender os mais pobres, Ruto introduziu desde então medidas de austeridade e aumentou uma série de impostos que afetaram duramente o poder de compra dos quenianos.

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