A cabeça de lista do RIR às eleições antecipadas de 26 de maio na Madeira, Liana Reis, critica as “políticas de arrogância” dos governos liderados pelo PSD e garante que o partido não está disponível para acordos com qualquer força.

“As nossas linhas vermelhas são mesmo essas”, afirmou, em entrevista à agência Lusa, acrescentando: “Nós vamos sozinhos e após as eleições vamos continuar sozinhos, independentemente do resultado.”

O objetivo do Reagir Incluir Reciclar (RIR) é aumentar a votação e eleger um deputado ao parlamento regional, onde Liana Reis, que tem 46 anos e é enfermeira de profissão, quer afirmar o partido como uma “alternativa centrista”, com a defesa de políticas de esquerda e de direita.

“O objetivo é trabalhar para o bem comum, mas estaremos sempre sozinhos”, declarou.

Nas últimas eleições regionais, em 24 de setembro de 2023, o RIR foi a terceira força menos votada, num total de 13 candidaturas, obtendo 727 votos (0,55%), num universo de 135.446 votantes.

“Um dos nossos objetivos nesta campanha é fazer ver às pessoas que o RIR tem nome, é Reagir Incluir Reciclar, e nunca fez tanto sentido como agora”, explicou a candidata, também líder do partido na região, sublinhando que está na “hora da mudança”, porque “as pessoas estão um bocadinho fartas destas políticas” desenvolvidas no arquipélago – “de arrogância, do ‘quero, posso e mando’, das falsas promessas”.

Liana Pestana dos Reis, que nasceu e reside no Funchal, considera que a crise politica gerada pelo processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira poderá fazer aumentar a votação nos pequenos partidos, beneficiando também o RIR, uma das 14 candidaturas às antecipadas de 26 de maio.

“Esperamos que sim e queremos acreditar que sim, queremos acreditar mesmo que os nossos eleitores querem uma mudança de paradigma político”, disse.

O programa eleitoral do RIR apresenta propostas em vários setores, da habitação ao emprego, do turismo aos serviços sociais, mas Liana Reis destaca a saúde, que diz estar gravemente afetada pela saída de médicos do público para o privado e também para fora da região.

“Uma das nossas propostas é uma revisão urgente das carreiras do pessoal de saúde, inclusive, quiçá, um prémio de produtividade isento de impostos. Acho que isso seria uma boa aposta, em vez de andarem a pagar médicos tarefeiros que vêm aí ao fim de semana fazer umas cirurgias que nem sempre correm bem, porque é tudo feito à pressa”, disse, para logo vincar: “Uma das nossas propostas é mesmo essa, prémios de produtividade aos que lá estão.”

Por outro lado, a candidata classificou como “grave problema” a concessão de lares públicos ao setor privado. No seu entendimento, está-se a assistir “ao crescimento do monopólio na área da terceira idade”.

“É inconcebível para nós estarmos a vender os cuidados de saúde dos nossos idosos a privados”, declarou, alertando que 37,6 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência vão ser canalizados para quatro instituições privadas neste setor.

“Uma das nossas propostas é mesmo a proibição da concessão da gestão de lares públicos ao privado”, disse, sublinhando que “é uma vergonha não apostar no público”.

Liana Reis defende, por outro lado, a criação de um gabinete de combate à corrupção, como forma de garantir maior transparência no desempenho de cargos públicos e no funcionamento das instituições.

“Políticas de arrogância, de ‘quero, posso e mando’ só nos levam a um desgoverno total e às suspeitas de corrupção […]. As pessoas têm que ver que quando forem votar não votem por fanatismo partidário. Votem pelas caras que estão à frente [das candidaturas] e a cara atualmente que está à frente do PSD não representa credibilidade nenhuma para os madeirenses e porto-santenses”, alertou, referindo-se a Miguel Albuquerque, presidente demissionário do executivo regional e novamente cabeça de lista.

Liana Reis é militante do RIR desde 2022, mas nas eleições autárquicas de 2021 integrou como independente a candidatura da coligação Funchal Sempre à Frente (PSD/CDS-PP), que venceu com maioria absoluta, e é deputada suplente na Assembleia Municipal do Funchal.

As antecipadas de 26 de maio ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP) foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

O PSD sempre governou no arquipélago e venceu com maioria absoluta 11 eleições entre 1976 e 2015.

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