O rastreio decorreu entre outubro de 2022 e maio de 2023 e foi promovido pela associação em centros comerciais e eventos desportivos sobretudo da região Norte.

 

Ao todo, este estudo avaliou dados de 767 pessoas, na sua maioria mulheres (74%), com uma média de idades de 58 anos de idade.

A maioria tinha osteoporose ou estava em risco de desenvolver a doença.

No resumo enviado à agência Lusa pela FMUP, é referido que a prevalência de osteoporose (15%) encontrada neste estudo é superior à de trabalhos anteriores e que nos homens a prevalência da doença chega aos 13%, algo que está “bem acima do que estava descrito”.

Os resultados — que foram publicados em junho deste ano na revista científica ARP Rheumatology — foram tratados pela investigadora da FMUP Daniela Santos Oliveira que, em declarações à agência Lusa, defendeu a criação de um rastreio nacional organizado.

“Esta é uma doença crónica silenciosa. Às vezes ouvimos os doentes dizer que têm osteoporose na anca ou na coluna e não é verdade. Não é uma doença localizada, é uma doença sistémica. Às vezes pode nem ter sintomas ou ter apenas sintomas só quando já há fraturas”, disse Daniela Santos Oliveira.

Admitindo que as pessoas que se dirigem a estes rastreios podem ser pessoas que acham de antemão que têm probabilidade de ter a doença, a investigadora defendeu “uma ação mais ativa” por parte dos cuidados de saúde primários até porque acredita que “os números reais nacionais são altos”.

“Acredito que haja um subdiagnóstico nesta doença. Acredito que estejamos só a diagnosticar quando efetivamente já há fratura e não é isso que se deseja. Queremos diagnosticar antes”, sublinhou.

Para realizar este estudo, os voluntários foram submetidos a uma densitometria óssea (exame comum que mede a densidade dos ossos) que permite identificar situações de perda de massa óssea.

Cerca de um quarto das pessoas estudadas tinha “história prévia de pelo menos uma fratura associada a trauma de baixo impacto e a fragilidade óssea”.

E “mais de 10% dos indivíduos reportaram perda da altura ao longo do tempo, o que pode ser sugestivo de fraturas vertebrais”, lê-se no resumo da FMUP.

“Embora a densitometria óssea seja fundamental para o rastreio e diagnóstico da osteoporose, esta não deve ser considerada de forma isolada, dado que, mesmo com valores normais, mais de 25% dos indivíduos têm história de fratura de fragilidade óssea. O diagnóstico precoce é fundamental para prevenir perda de massa óssea e, consequentemente, futuras fraturas de fragilidade óssea”, insistiu Daniela Santos Oliveira.

A investigadora alertou que a osteoporose é comummente associada a mulheres na fase da pós-menopausa ou a pessoas idosas, mas também afeta os homens que devem, aconselhou, “tentar desconfiar das causas secundárias”, até porque “a osteoporose nos homens tem maior mortalidade e que pode levar a maior incapacidade”.

A investigadora também alertou para a “prevalência muito grande de doentes que são institucionalizados no caso da população mais idosa”, insistindo: “Devemos estar um passo à frente e prevenir com rastreio e diagnóstico o mais precoce possível. Devemos tratar para evitar a fase da fratura”.

Atualmente, o rastreio da osteoporose é recomendado a todas as mulheres com mais de 50 anos após a menopausa, homens após os 70 anos e pessoas mais jovens, se existirem fraturas de fragilidade óssea ou fatores de risco, como história familiar, doenças crónicas específicas ou uso prolongado de certos medicamentos.

O tratamento da osteoporose varia de acordo com a gravidade. As medidas não farmacológicas incluem a cessação do consumo de álcool e de tabaco, a ingestão adequada de cálcio, proteínas e vitamina D, juntamente com a prática regular de exercício físico e exposição solar adequada.

“Um dos principais focos deve ser a prevenção de fraturas através da redução do risco de quedas. Existem várias medidas simples que podem ajudar a diminuir esse risco, incluindo ajustes na habitação (como a remoção de tapetes) e o uso de calçado apropriado. Dependendo do risco de fratura, podem ser prescritos suplementos de cálcio e vitamina D e fármacos específicos para a osteoporose, como os bifosfonatos”, conclui o estudo.

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