Em conferência de imprensa no Centro Europeu Jean Monnet, em Lisboa, Paulo Raimundo foi questionado se considera que a exoneração da mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) foi um “saneamento político”, tendo respondido que não queria utilizar essa expressão, mas também não vale a pena estar a “mandar areia para os olhos”.

O líder comunista recordou que a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, afirmou há poucos dias que a provedora exonerada da SCML, Ana Jorge, “tinha duas semanas para apresentar um relatório”, o que estava “à vista de todos que não era possível”.

“Portanto, arranjou um pretexto para a mudar. Nós fizemos uma afirmação, aquando da apresentação do programa do Governo, que eu vou repetir: nós estamos perante um Governo que defende interesses cujo objetivo é sacar o mais possível, e o mais depressa possível, para o lado do capital e dos grupos económicos”, salientou.

Para o líder do PCP, o executivo “fará tudo o que estiver ao seu alcance para isso”.

“Este é talvez seja mais um exemplo. Nós tivemos várias direções da SCML, até com projetos diferentes, muito diferenciados entre eles, e tivemos auditorias, procedimentos, tivemos o desenrolar do fio de um novelo… Espero que esse fio não volte a enrolar outra vez e fiquemos sem saber como é que as coisas se desenvolveram”, disse.

Paulo Raimundo recordou que a SCML “não é uma instituição privada no sentido em que o que se passa lá dentro não diz respeito” ao público, salientando que se trata de uma instituição “tutelada pelo Governo”.

O líder comunista sublinhou ainda que a SCML “auxilia milhares de pessoas, nalguns casos é a grande garantia para uma vida com um mínimo de dignidade” e defendeu é preciso salvaguardar “os seus trabalhadores, que têm tido processos de luta muito intensos, ataques aos seus direitos”.

“Tem de se salvaguardar a própria instituição e eu penso que é aquilo onde todos nos devemos concentrar: nos trabalhadores, naqueles que são apoiados pela SCML, a própria instituição, e eu julgo que estas guerrilhas partidárias e tricas políticas têm tudo como objetivo menos a salvaguarda destas três questões”, disse.

O Governo anunciou na segunda-feira que a administração da SCML foi exonerada “com efeitos imediatos”, justificando a decisão por a equipa “se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição”.

A SCML era atualmente dirigida pela ex-ministra da Saúde socialista Ana Jorge, que exercia funções de provedora há cerca de um ano, sendo a restante Mesa da SCML constituída por uma vice-provedora e quatro vogais.

“Infelizmente, esta decisão tornou-se inevitável por a Mesa, agora cessante, se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição, o que poderá a curto prazo comprometer a fundamental tarefa de ação social que lhe compete”, justificou o executivo em comunicado.

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