O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, defendeu a demissão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, com uma condição. “Se a demissão da ministra levar à alteração políticas das opções políticas de fundo, é já. Que se demita a ministra”, afirmou, quando questionado pelos jornalistas, este sábado.

 

Raimundo marcou presença na manifestação da CGTP que decorre hoje em Lisboa, onde salientou que é preciso valorizar as carreiras e profissões, e que enquanto isso não acontece, o país não vai deixar de enfrentar situações como as que marcaram a semana passada.

“Enquanto não se valorizarem as carreiras, profissões e salários, o país vai enfrentar este drama de profissionais no INEM, no SNS, na escola, nos serviços essenciais. Esta é que é preciso resolver”, salientou.

Mas apesar de colocar esta ‘condição’ – a de alteração das políticas de fundo -, o líder comunista não se mostrou muito confiante de que a saída de Ana Paula Martins levasse a mudanças com o impacto necessário, dado que Portugal se confrontava hoje com “uma opção de um Governo, de uma política, de desmantelamento dos serviços públicos”.

Raimundo reforçou ainda que o “caminho de contenção e desmantelamento dos serviços públicos” estava “consagrado” na proposta do Orçamento do Estado, e que há postos, também noutras áreas, que não serão recuperados. No caso do INEM, o comunista defendeu que a responsável não deveria estar sozinha, numa eventual altura de assumir responsabilidades. “Tem a ver com a ministra? Também tem a ver com a ministra. É só responsabilidade da ministra? De certeza que não é”, atirou.

“Não foi a Ministra da Saúde que decidiu que o OE que está a ser discutido agora decide transferir metade do seu orçamento para o setor privado, daqueles que fazem da saúde um negócio […]. As responsabilidades políticas são das opções do Governo. O Governo que assuma as responsabilidades”, tinha dito ainda antes.

Raimundo apontou ainda que a ministra da Saúde deveria, tal como lhe foi recomendado em julho, “tomar as medidas necessárias para dignificar as carreiras e dignificar esses trabalhadores”. “Só assim é que é possível que trabalhadores estejam no INEM onde fazem faltam. E não fazem falta 400, fazem falta 700”, apontou.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) denunciou no sábado as primeiras duas mortes que terão acontecido devido à greve deste sindicato, que entretanto foi suspensa. Após esta denúncia, vários outros casos foram noticiados, tendo o Ministério Público aberto inquéritos a algumas destas situações, bem como a Inspeção Geral das Atividades de Saúde (IGAS).

[Notícia atualizada às 16h39]

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