“Sem um orçamento ambicioso, a UE não tem como responder aos desafios”, disse Paulo Cunha, eurodeputado social-democrata, durante um debate sobre a composição do colégio de comissários e prioridades do próximo executivo de Ursula von der Leyen, em Estrasburgo (França).

 

O europarlamentar do PSD acrescentou que os 27 necessitam de um “orçamento forte” e com atenção especial “para a competitividade, que Pacto Agrícola Comum, fundamentais para fortalecer a convergência” entre Estados-membros.

Paulo Cunha alertou que a “competitividade não pode ficar refém de orçamentos limitados” e pediu ao próximo executivo comunitário para “explorar novos recursos” e para incluir “o investimento privado”.

A socialista Marta Temido classificou o processo de auscultação dos comissários indigitados como uma “dura prova”.

“Não fomos nós que escolhemos esta Comissão e não respeitamos a atribuição de uma vice-presidência à direita radical”, acrescentou.

A antiga ministra da Saúde portuguesa condenou também a atribuição de “pastas centrais”, nomeadamente em matéria de “direitos europeus e das mulheres” a “quem nutre por elas apenas indiferença”.

No entanto, a europarlamentar do PS disse que vai ser necessário trabalhar com esta Comissão Europeia para tentar debelar os desafios dos próximos anos, nomeadamente as “ameaças que minam por dentro” a União, o “crescimento do radicalismo e o contágio de uma recessão económica”.

O eurodeputado comunista João Oliveira condenou as “políticas de guerra e de confrontação” levadas a cabo pela Comissão Europeia, aludindo às políticas de apoio militar à Ucrânia e às declarações proferidas pela presidente do executivo comunitário desde o início da invasão russa.

O antigo líder parlamentar do PCP na Assembleia da República também criticou as políticas da Comissão que “são transformadas em negócios” e que prejudicam “as condições” que deviam ser asseguradas para pessoas que procuram uma “vida justa”.

Já o eurodeputado da extrema-direita, António Tânger Correia, do Chega, expressou “preocupação com o processo de nomeação” dos comissários, que, alegou, “compromete a credibilidade” da União Europeia.

Criticando o “Green Deal [acordo ecológico], que cada vez é mais um Black Deal”, o antigo embaixador português considerou que as políticas “perseguidas pela Comissão” de Ursula von der Leyen e o trabalho do Parlamento Europeu “estão a minar a confiança dos cidadãos nas instituições” europeias.

O voto em plenário está previsto para cerca das 12h00 (menos uma hora em Lisboa).

Ursula von der Leyen foi reeleita em julho no cargo de presidente da Comissão Europeia, que desempenhará novamente a partir de 01 de dezembro num segundo mandato de cinco anos.

O seu próximo executivo comunitário, agora sujeito a aval parlamentar, é composto por 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% de mulheres e de 60% de homens), uma das quais a comissária indigitada por Portugal e antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que vai ocupar a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos.

Num contexto de tensões geopolíticas (devido à guerra da Ucrânia causa pela invasão russa e de conflitos no Médio Oriente), de concorrência face aos Estados Unidos e China e de transição política norte-americana, Von der Leyen quer, nos próximos cinco anos, apostar na competitividade económica comunitária.

Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do PIB, para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.

Só a aposta em defesa, impulsionada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e pelas recentes tensões geopolíticas, vai ter de ser suportada por necessidades de investimento na ordem dos 500 mil milhões de euros na próxima década.

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