O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) voltou, este fim de semana, a estar no centro da discussão entre Governo e oposição. Desta vez, uma eventual privatização do organismo do Ministério da Saúde foi trazida para cima da mesa pelo secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, num comentário às recentes declarações da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que se escusou a responder ao líder socialista. 

 

O secretário-geral do PS falava aos jornalistas à entrada para o XX congresso da corrente sindical socialista da CGTP-IN, em Aveiro, quando referiu que a ministra da Saúde “disse que queria que o INEM fosse apenas um coordenador e não prestador”.

Para Pedro Nuno Santos, essa afirmação de Ana Paula Martins quer dizer que “ela desiste do INEM e a sua solução, aparentemente, é privatizar a prestação da emergência médica em Portugal”.

Por sua vez, em Braga, à entrada para uma sessão do roteiro ‘Orçamento do Estado 2025 – Portugal no Bom Caminho’, a governante escusou-se a responder ao PS.

“Eu compreendo que queiram falar sobre o INEM, mas eu não vou falar sobre o INEM”, disse Ana Paula Martins.

Confrontada com as declarações de Pedro Nuno Santos, a ministra da Saúde repetiu que não ia falar do INEM.

De notar que o líder socialista também acusou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de ser o principal responsável pelo que aconteceu na resposta do INEM no contexto da recente greve, rejeitando responsabilidades do anterior Governo.

Quem fez uma campanha criando a expectativa nos portugueses, a ilusão nos portugueses, que os problemas da saúde se resolviam fácil e rápido foi Luís Montenegro, não foi a ministra da Saúde“, disse Pedro Nuno Santos.

Embora reconheça que os problemas do INEM não são de agora, o líder dos socialistas entende que a gestão desta greve “não pode ser imputada ao Governo anterior”, defendendo que a consciência de que há problemas estruturais no INEM, por parte do atual Governo, torna ainda mais grave a forma como lidaram com a situação.

“Se o Governo achava que há problemas estruturais no INEM, isso significa que, perante um pré-aviso de greve, o cuidado e o alarme do Governo devia ser maior. O que nós tivemos? Negligência, desvalorização. E, portanto, a senhora ministra não ligou nenhuma ao pré-aviso de greve, deixou que essa greve acontecesse, num serviço que tem problemas estruturais e tivemos uma situação geradora de mortes”, sublinhou.

Referiu ainda que os problemas na saúde têm vindo a agravar-se com este Governo, alegando que houve mais urgências de obstetrícia fechadas neste verão do que no anterior, “um concurso de médicos que correu profundamente mal” e uma gestão da emergência médica que “é assustadora com graves consequências para os portugueses”.

Isto não muda só com a senhora ministra. Há toda uma perspetiva em matéria de saúde que este Governo tem que é profundamente errada”, afirmou.

O Ministério Público (MP) abriu sete inquéritos às mortes possivelmente relacionadas com falhas no socorro do INEM.

Além dos inquéritos abertos pelo MP, as falhas no socorro por parte INEM, designadamente atrasos no atendimento de chamadas, motivaram igualmente a abertura de um inquérito pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

A demora na resposta às chamadas de emergência agravou-se durante a greve de uma semana às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), que no dia 04 de novembro coincidiu com a greve da função pública.

A greve dos TEPH acabou por ser suspensa após a assinatura de um protocolo negocial entre o Governo e o sindicato do setor.

Na passada terça-feira, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse esperar que a IGAS faça uma “avaliação profunda” sobre se foram cumpridos os serviços mínimos na greve do INEM e garantiu que foi feito tudo o que era possível.

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