O sócio do empresário da Póvoa acusado de sodomizar, mortalmente, com um objeto contundente, um cidadão ucraniano que, segundo o Ministério Público, escravizava, pouco ajudou o tribunal a esclarecer as circunstâncias do crime que vitimou Oleg Beregovenko, 51 anos, de que também era patrão. César só não vacilou ao dizer que a vítima trabalhava pouco, era “bêbado” e que “o Danny era o único amigo que ele tinha”.
César Araújo, sócio de Danny Eusébio, o empresário hortícola que está a ser julgado por homicídio, profanação de cadáver e escravatura apresentou esta quarta-feira, em tribunal, distintas versões onde prevaleciam as expressões “se calhar”, “penso que”, “ele disse-me” e outras que não responsabilizavam nenhum dos dois arguidos. Nomeadamente José Carlos Cabreira, também sócio, que responde por, alegadamente, ter ajudado Danny a levar o cadáver para longe do local do homicídio. A determinada altura foi até preciso ler-lhe as suas primeiras declarações no inquérito.
Terá sido José Carlos a informar César da morte de Oleg. “Ao final desse dia, foi o Zé Carlos quem me disse que tinha encontrado o “Alex” morto”, contou. “Ele disse-me que chegou ao campo e que viu o corpo. A seguir foi colher alfaces e só depois voltou para perto do cadáver. Quis chamar o INEM, mas decidiu ajudar Danny a levá-lo para casa da mãe dele porque teve medo de que descobrissem as circunstâncias em que o “Alex” vivia”, inumanas, segundo o MP.
César aceitou, com esforço, que a rulote onde a vítima vivia não tinha condições, mas adiantou que “ele tomava banho” num armazém e que satisfazia as suas necessidades fisiológicas “no campo”. Quanto a salários, disse apenas que viu “muitas vezes” Danny dar-lhe dinheiro, “10, 15 ou 20 euros” e que “lhe fazia descontos” para a Segurança Social.
Nesta sessão depôs ainda o cliente a quem Danny no dia do crime entregou com atraso significativo uma centena de caixas de alface: “chegou a cambalear, parecia embriagado” e “tinha um ferimento na cabeça”. O julgamento prossegue.