Tinha tudo para ser mais um tranquilo fim de dia de férias para o casal britânico McCann, no Ocean Club, na Praia da Luz, no Algarve. Naquela noite de 3 de maio de 2007, uma quinta-feira, deixaram a filha Madeleine (Maddie), com três anos, a dormir no apartamento com os irmãos gémeos, de apenas dois, e foram jantar com amigos, num restaurante do empreendimento, a 50 metros. Nunca mais a viram…
O desespero do casal começou às 22 horas, quando foram ao apartamento e não encontraram Maddie. As buscas começaram apenas com os amigos ingleses, mas uma chamada para a GNR, às 23.50 horas, deu início a um fenómeno global que ainda se prolonga, envolvendo autoridades de diversos países, com recursos a meios nunca antes vistos.
E, a 5 de maio, grande parte da primeira página do Jornal de Notícias era ocupada com uma foto de Maddie e a pergunta: “Alguém viu esta menina?”.
Foram aos milhares as respostas de quem, ao longo destes 16 anos, julgou ter visto Maddie ou pensava ter pistas que levariam à sua descoberta.
“Quem viu ou tiver a nossa menina que a devolva para junto da mamã, do papá, da irmã e do irmão”, apelou, naquela noite, Gerry McCann.
Um pedido que a todos comoveu e levou as autoridades britânicas a envolverem-se diretamente nas buscas.
Noticiava o JN que “próprio embaixador do Reino Unido, John Buck, se deslocou ao Algarve para dar assistência aos pais da menina”.
Na “caça ao homem” e além das autoridades portuguesas e meios civis no terreno, estiveram logo nos primeiros dias a polícia inglesa a Europol e a Interpol.
E foram revistados “casas, jardins, parques de campismo, estradas de acesso à Praia da Luz e caixotes do lixo”.
“Já temos um retrato- robô”, garantiu aos jornalistas o diretor da PJ de Faro, Guilherme Encarnação, sem adiantar pormenores sobre o suspeito”, escrevia-se no dia 6 de maio.
E, citando Guilherme Encarnação, dava-se conta que haviam sido recebidas 30 mil chamadas telefónicas logo no dia seguinte ao desaparecimento. Com pistas que, sabemos agora, em nada resultaram.
Pelo meio houve muita polémica envolvendo o casal McCann e o antigo inspetor Gonçalo Amaral, diversos suspeitos e, no ano passado, o cidadão alemão Christian Brücker foi constituído arguido pelo Ministério Público de Faro. Encontra-se a cumprir pena, na Alemanha, país onde foi acusado de ter cometido cinco crimes sexuais, em Portugal, entre 2000 e 2017.