O doutor argelino, formado em matemática aplicada, que foi detido pela PJ do Porto por suspeitas de ser o cérebro de uma operação de branqueamento de capitais provenientes de fraudes milionárias a multinacionais foi colocado em prisão preventiva pelo Tribunal de Instrução Criminal. Dos outros sete detidos, um também irá aguardar o desenvolvimento preso enquanto os outros ficaram com apresentações periódicas como medida de coação.
A investigação da PJ do Porto permitiu estabelecer que o cidadão argelino era o mentor de uma rede que usou Portugal para lavar pelo menos 10 milhões de euros. Para isso, criaram ou compraram cerca de 30 empresas, sem atividade real. Estas firmas apenas serviam como fachada legal ao grupo.
As burlas vitimaram apenas empresas estrangeiras, através do “Business Email Compromise”, esquema em que os suspeitos obtêm dados de fornecedores, para depois se fazerem passar por um deles e reclamarem o pagamento de faturas.
As vítimas transferiam o dinheiro para Portugal, pensando estar a cumprir com o pagamento devido a fornecedores. Depois, as verbas circulavam por várias empresas da rede que passavam faturas de favor, para dar uma aparente legalidade às movimentações. A operação de branqueamento terminava com o envio do dinheiro para contas sediadas no estrangeiro.
“Em Portugal, esta organização criou um circuito financeiro capaz de proceder à posterior integração na economia real das vantagens dos crimes, sendo-lhe atribuídos, por ora, movimentos financeiros superiores a dez milhões de euros operados em território nacional”, explica a PJ, que apreendeu dois milhões.