A GNR anunciou, esta sexta-feira, a abertura de um “processo interno de âmbito disciplinar” sobre três militares do posto de Esposende que filmaram, supostamente com um telemóvel, e gozaram um cidadão embriagado. Um segundo vídeo, de curta duração e que envolverá os mesmos militares, mostra um cidadão detido a ser ameaçado.
No vídeo mais curto, um dos guardas ameaça um detido, que estava a chorar e parecia querer esconder o rosto, atirando-lhe, de braço levantado: “Vê lá se te desencostas da parede, senão levas outra vez”.
No outro vídeo, os militares falam com um condutor, manifestamente embriagado, e um deles diz: “Vamos à adega, estou cheio de sede”. O civil, que cambaleava, levou-os até à cozinha da própria casa e retirou do frigorífico duas garrafas de vinho, depois de lhes perguntar se queriam branco ou tinto.
Nesta gravação, não se vê nem ouve nenhuma ameaça ou atitude agressiva por parte dos militares, notando-se apenas um tom jocoso na forma como se lhe dirigem: “As suas orelhas parecem a do cão, todas roídas”, diz um deles, referindo-se a um canídeo que ali estava.
Em nota enviada ao JN, a Guarda diz que determinou a instauração de um processo interno de âmbito disciplinar para apuramento das circunstâncias”, mas censura desde já o comportamento dos militares: “O que se vê nos vídeos são ações abusivas e discriminatórias, inadmissíveis numa instituição como a GNR”, Lê-se na sua nota sobre o caso.
A mesma nota lembra que “a atuação do militar da Guarda pauta-se por princípios, atitudes e comportamentos que reforçam a dignidade da função policial, o seu prestígio, a sua imagem externa e a da Instituição, não sendo admissível a prática de ações contrárias à moral pública, ao brio e ao decoro, as quais devem ser prevenidas, combatidas e denunciadas, em especial as abusivas e discriminatórias”.
Dois dos três militares continuam em funções em Esposende, mas o guarda que aparece nos dois vídeos já foi transferido, a seu pedido.