O jovem acusado de esfaquear, em agosto do ano passado, um homem de 29 anos, à saída de um restaurante da Gafanha de Aquém, em Ílhavo, confessou o crime ao Tribunal de Aveiro, nesta quarta-feira, mas disse que o cometeu porque estava em “choque e em pânico”, a tentar defender a mãe e um amigo da família que tinham sido agredidos.
O arguido responde pelos crimes de tentativa de homicídio, omissão de auxílio e posse de arma proibida. O amigo, a mãe e uma tia, que estavam com ele na ocasião, estão acusados de omissão de auxílio.
Esta quarta-feira, no início do julgamento, o jovem Nuno V., atualmente com 20 anos, insistiu que nunca teve intenção de “aleijar” e pretendia apenas “intimidar”.
Na versão que ele e os restantes arguidos apresentaram em tribunal, terá sido a vítima e outro homem que a acompanhava a começarem as provocações, ainda no interior do restaurante. “O que tu queres é leitinho”, ou “tens medo que te roubem as princesas”, terá afirmado a vítima do esfaqueamento, por os arguidos se terem recusado a fazer um brinde.
Segundo Nuno V., os outros dois homens fizeram, depois, uma espera no exterior. O amigo e a mãe saíram primeiro e foram abordados. A vítima desferiu socos no amigo até ele cair inanimado e, depois, deu um “murro no peito da mãe”, deixando-o “revoltado”. Foi nessa altura que pegou numa faca que estava numa mesa do restaurante e saiu para o exterior.
“Ele [o homem esfaqueado] vinha a vir para mim e eu sempre a recuar. O amigo a cercar-me do lado esquerdo… Fiquei em choque, em pânico”, descreveu Nuno, sobre os momentos que antecederam o esfaqueamento.
“Quando vi sangue, pensei: ‘Desgracei a minha vida'”, acrescentou Nuno. Mais adiante, quando a mãe relatou também os acontecimentos, chegou a chorar, emocionado.
O amigo do esfaqueado terá tirado algumas fotografias do incidente no exterior.
“Queriam armar confusão. Estávamos no local errado, na hora errada”, disse Sónia V., mãe de Nuno. A mulher referiu ter visto “dois golpes” resultantes das facadas quando a vítima levantou a camisa, mas garante que o homem “nunca caiu” e não parecia “precisar de auxílio” quando deixaram o local. Pelo contrário, mantinha a pose “desafiante”.
O jovem foi detido pela PJ algumas semanas depois. A autoridade policial referiu na altura que da agressão com a faca resultaram ferimentos “extremamente graves” no tórax da vítima, que lhe “puseram em perigo a vida”.