Eduardo e Fernando Liro, pai e filho e sócios-gerentes da empresa Polirigido, da Maia, explicaram ontem em tribunal que fizeram o isolamento, em poliuretano, do telhado metálico da associação de Tondela onde um fogo matou 11 pessoas em 2018, mas fizeram-no antes de ali ser instalada a salamandra, cujo tubo sobreaqueceu e esteve na origem da tragédia.
“O tubo pode ter sido colocado depois do revestimento. Podem ter aberto um buraco no teto para a instalação da salamandra, posteriormente, e ter sido colocado outro poliuretano para revestir”, afirmou Fernando Liro. “Nunca aplicaríamos poliuretano à volta do tubo sem deixar, pelo menos, dez centímetros de proteção”.
O empresário declarou ainda que o poliuretano que usaram na obra “não queima e as partículas incandescentes também não”.
As faturas já não existem, mas uma “programação mensal” da obra indica que esta foi feita em 2005.
Mulheres sem memória
Ontem à tarde, foram ainda ouvidas três mulheres que, há data dos factos, integravam os corpos sociais da Direção da Associação e trabalhavam, de forma voluntária, na cozinha, em vários eventos sociais e desportivos. Nenhuma soube dizer quando, como e por quem tinha sido aplicado o teto falso e o poliuretano no piso superior da Associação. Nada souberam dizer, também, sobre a salamandra.
O fogo ocorreu durante um torneio de sueca, em janeiro de 2018, na Associação de Vila Nova da Rainha, em Tondela. O único arguido é o então presidente da coletividade e está acusado de crimes de homicídio e ofensas corporais por negligência.