O comandante da Polícia Municipal (PM) de Sintra, Manuel Lage, está debaixo de fogo, depois de ser acusado de “instaurar a desigualdade” entre os agentes. Uma gravação áudio, feita numa reunião da PM há cerca de três semanas e entretanto difundida na Internet, agravou e trouxe a público o mal-estar interno. A gravação reporta uma discussão entre o comandante, major da GNR, e uma agente da PM que o acusa de discriminar profissionais na marcação de escalas. O dirigente sindical dos polícias municipais, Pedro Oliveira, denuncia casos de evidente “favorecimento” e “coação psicológica” em Sintra, dando conta de “sete ou oito processos disciplinares” contra os seus agentes.
“Há aqui um grupo que é marginalizado. (…) O senhor olha [para] a escala e vê que há elementos que não fazem madrugadas, nem fins de semana”, ouve-se no áudio a agente a protestar. “E vão continuar a não fazer”, responde o comandante, que pergunta: “Mas tu és igual a quem?”. “Eu sou igual a qualquer pessoa que vista as minhas cores”. O comandante discorda – “Não, não és” – e exalta-se com a persistência da agente: “Eu é que sou o comandante, caralho! Acabou, foda-se! Vocês venham trabalhar. Ponto final. Cada um para o seu servicinho”. A agente não se conteve, respondendo a Lage que ele “não é militar aqui dentro”: “Vá falar assim para a GNR, não é aqui de certeza”, retorquiu.
Nem o presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, nem Manuel Lage quiseram comentar, ao JN, “a escuta áudio feita de forma ilegal”. Por ter sido feita sem consentimento, a gravação já terá seguido para o Ministério Público.