Um dos mandatários do Benfica afirmou, esta terça-feira, que o diretor de comunicação do F. C. Porto, Francisco J. Marques, e o atual diretor de conteúdos do Porto Canal, Diogo Faria, não mostraram no julgamento “uma pinga do arrependimento” pela divulgação, há cerca de cinco anos, no Porto Canal, de e-mails extraídos por terceiros do sistema informático dos encarnados.
“Os arguidos mantêm uma certa arrogância portista de que fizeram o que fizeram e fizeram muito bem”, lamentou Rui Patrício, insistindo que Francisco J. Marques e Diogo Faria têm, a par de Júlio Magalhães, diretor-geral do Porto Canal à data dos factos, de ser condenados por todos os crimes de que estão acusados.
Francisco J. Marques e Diogo Faria respondem por acesso indevido, violação de correspondência e ofensa à pessoa coletiva, e Júlio Magalhães, que entretanto abandonou a estação, pelos últimos dois ilícitos. No julgamento, o antigo diretor-geral do Porto Canal atribuiu responsabilidades ao F. C. Porto pelo conteúdo dos programas em causa, enquanto os outros arguidos invocaram o “interesse público” de revelar um alegado polvo encarnado no mundo do futebol para justificar a divulgação das mensagens.
“Não era um critério de interesse público, era um critério portista, um critério azul”, contrapôs, esta terça-feira, Rui Patrício, insistindo que os e-mails tornados públicos foram “manipulados” de modo a construir uma narrativa de “corrupção desportiva”.
O advogado defendeu ainda que, mesmo que esse “interesse público” tivesse existido, não justificaria a absolvição dos crimes de violação de correspondência e de acesso indevido de que estão acusados.
“Seria dar a qualquer um dos arguidos um salvo-conduto para a prática dos crimes”, sublinhou.
As alegações finais prosseguem esta terça-feira com a apresentação de conclusões por parte dos mandatários dos restantes assistentes no processo, incluindo o de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica à data dos factos. A defesa dos arguidos só deverá alegar amanhã, quarta-feira. O julgamento, a decorrer em Lisboa, começou em setembro de 2022.