“Aquele planeamento era notoriamente desadequado daquilo que era possível fazer com a capacidade de resposta que existia e a profundidade que existia”, apontou Miguel Cruz, que foi hoje ouvido na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, a pedido da Iniciativa Liberal (IL), para esclarecimentos sobre o ponto de situação da segurança e obras ferroviárias, nomeadamente, do Ferrovia 2020 e Plano Nacional de Investimentos 2030.

 

O presidente da IP considerou que o plano de investimentos Ferrovia 2020, apresentado em 2016, numa altura em que Pedro Marques (PS) era ministro do Planeamento e Infraestruturas, arrancou com um planeamento e previsão de conclusão de obras desadequados, “quer pelas condições de mercado, quer pelas condições de profundidade dos projetos”.

O responsável disse que existiu “excesso de otimismo” que, aliado a imprevistos, fez com que a conclusão prevista do plano em 2020 derrapasse cerca de quatro anos, mas salientou que a prioridade foi assegurar o aproveitamento dos fundos comunitários disponíveis.

“Uma das matérias com as quais, neste momento, estamos com muita dificuldade em lidar, aconteceu na Linha da Beira Alta, tem vindo a acontecer sistematicamente, que é a situação de roubo de material”, apontou o presidente da IP.

O roubo de cabos, explicou, tem tido impacto não só financeiro, mas sobretudo nos prazos de conclusão das obras, como no caso da Linha do Algarve, onde esta situação causou um atraso de três meses adiando a sua conclusão para o primeiro trimestre do próximo ano, e da Linha do Oeste, cujo atraso já vai em seis meses para conseguir o material necessário.

Já no caso da Linha de Cascais, a IP referiu o impacto negativo da dificuldade de resposta do empreiteiro, bem como várias interrupções que foram sendo introduzidas, como a visita do Papa Francisco, em 2023, ou a realização de concertos.

O vice-presidente, Carlos Fernandes, lembrou que a IP já pediu desculpa pela desadequação do planeamento do Ferrovia 2020 e admitiu que, em 2016, quando era adjunto do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, não acreditou naquele calendário, mas tal estava fora da sua competência técnica.

Segundo um levantamento feito pelo jornal Público, continuam por concluir obras em sete das oito linhas intervencionadas, cujo prazo de conclusão inicial era 2021.

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