“Este prémio é um dos mais desejados. Acho que isto só sublinha a força do cinema de animação e aquilo que tem vindo a ser nos últimos anos e isto dá-nos força”, sublinhou Alexandra Ramires à Lusa, no final da cerimónia de anúncio dos prémios.

O filme “Percebes” venceu o prémio Cristal de Melhor-Curta-Metragem do Festival de Cinema de Animação de Annecy, 18 anos depois de este mesmo galardão ter distinguido Regina Pessoa com o filme “História trágica com final feliz”.

“A liberdade criativa e o cinema autoral é aquilo que faz com que o nosso trabalho seja reconhecido da forma como é”, considerou Alexandra Ramires. E Laura Gonçalves acrescentou: “As nossas histórias que fazemos, que queremos fazer, têm um reflexo e as pessoas apreciam”.

“Percebes” é um documentário, animado em aguarela e em digital, sobre o ciclo de vida e a apanha deste crustáceo no Algarve, mas o tema serve ainda de pretexto para as duas autoras abordar questões sobre turismo massificado, sobre a relação dos habitantes locais com o ar, sobre o desordenamento da costa portuguesa.

A história dos percebes, uma iguaria da gastronomia portuguesa permitiu-lhes falar de assuntos que as preocupam, “lembrando sempre a identidade que está por detrás delas”.

“E queremos poder trazer as vozes das pessoas que partilham este nosso pensamento e que nos permitem explorar artisticamente o que está a acontecer e poder comunicar com um público internacional”, afirmaram.

O júri do festival atribuiu-lhes o prémio pela autenticidade, “pela forma complexa de contar uma história, pelas imagens sensoriais e por um estilo de animação orgânica”.

As duas realizadoras são distinguidas no ano em que Portugal foi o país convidado daquele que é considerado o maior festival internacional de cinema de animação, com uma extensa programação, ciclos temáticos e a presença de cerca de duas dezenas de pessoas ligadas ao cinema português.

O prémio de hoje “fecha o círculo da melhor forma, isto foi um momento único para nós. Este destaque todo, esta conversa em volta do cinema de animação português, e poder ter connosco a nossa equipa, ver muita gente reunida… Foi uma cereja no topo do bolo”, afirmou Alexandra Ramires.

Laura Gonçalves e Alexandra Ramires, que têm filmes em nome próprio, coassinaram também a premiada curta-metragem “Água Mole”, de 2017, sobre desertificação de uma aldeia, num processo de perda dos seus últimos habitantes.

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