Paulo Raimundo falava numa ação de contacto com os trabalhadores do setor operacional da Câmara Municipal do Seixal, no distrito de Setúbal, no âmbito da campanha “Aumentar salários e pensões, por uma vida melhor”.

 

“Enquanto não se aumentar salários, enquanto não se valorizar as carreiras, enquanto não se dignificar as profissões, enquanto não se respeitar quem trabalha, nós não vamos sair desta situação tremenda de falta de profissionais”, disse.

O líder do PCP defendeu que se há setor em que é preciso aumentar o número de trabalhadores é na área da saúde, e que estes profissionais têm de ser valorizados.

Interrogado sobre a possibilidade de demissão da ministra da Saúde – pedida hoje pelo BE de forma direta e depois de PS e Chega terem pedido ao primeiro-ministro que avalie se há condições para Ana Paula Martins se manter no cargo — Paulo Raimundo considerou que a responsabilidade política é de todo o Governo e que a saída da ministra não resolverá o problema.

“Aqueles que acham que a solução está na saída da ministra para entrar outra ministra, com esta lei do Orçamento em discussão, acho que estão um bocadinho enganados”, disse, admitindo que a ministra tem responsabilidade direta na pasta em concreto, mas que os problemas existem por opção governamental plasmada no Orçamento do Estado para 2025.

Paulo Raimundo frisou que se a demissão resolvesse o problema da falta de meios do INEM, da falta de enfermeiros e de médicos e “a transferência de metade do orçamento do Serviço Nacional de Saúde para o setor privado”, o PCP seria o primeiro a exigir que a ministra se demitisse.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) abriu um inquérito aos casos de mortes noticiados nos últimos dias por alegados atrasos no atendimento do INEM.

As falhas ou atrasos na resposta do serviço 112 e no encaminhamento para os CODU, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), devido à greve dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar têm levantado forte polémica e já terão levado à morte de pelo menos seis pessoas.

Os técnicos de emergência pré-hospitalar iniciaram no dia 30 de outubro uma greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais.

A paralisação foi suspensa na quinta-feira, após o sindicato ter assinado um protocolo negocial com o Ministério da Saúde.

Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.

Na ação de hoje com os trabalhadores do setor operacional da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Raimundo destacou que a campanha do PCP coloca questões fundamentais como a exigência do aumento dos salários, do aumento das pensões, do acesso ao Serviço Nacional de Saúde, do acesso à habitação e do direito às creches e à rede pré-escolar.

A campanha que consiste também na recolha de assinaturas por melhores salários adiantou Paulo Raimundo, está profundamente ligada aos problemas dos trabalhadores da administração local e da administração pública em geral, nomeadamente a estagnação salarial e a falta de perspetivas nas carreiras.

O líder do PCP apelou assim à luta e à mobilização dos trabalhadores e à participação nas manifestações promovidas pela CGTP, no sábado, em Lisboa e o Porto.

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