Numa intervenção no segundo dia do debate na generalidade do OE2025 no parlamento, a deputada – que no último Congresso do PSD se tornou militante pela mão do presidente do partido, Luís Montenegro – deixou um desafio ao PS.

 

“Vão votar para os jovens ficarem ou para os jovens partirem?”, questionou, ficando sem resposta já que apenas a bancada do PAN se inscreveu para um pedido de esclarecimento.

A deputada deixou críticas aos executivos socialistas das últimas décadas — dizendo ter ouvido “muita retórica sem mais nada” — e considerou que o direito das novas gerações ficarem no seu país “é um direito pelo qual vale a pena lutar”.

“Exportamos talento de forma gratuita, lá fora o talento dos nossos jovens é reconhecido, tenho uma mensagem para eles: o tempo da conversa e da retórica da esquerda acabou. Enquanto o PS traçou como linha vermelha o futuro dos jovens, o PSD elege como prioridade os filhos de Portugal”, afirmou, numa alusão à recusa dos socialistas do modelo inicialmente proposto pelo Governo PSD/CDS-PP para o IRS jovem.

Nas negociações, a versão que consta do OE2025 acabou por ficar mais próxima da lançada por anteriores executivos socialistas, embora alargada quer no âmbito dos jovens abrangidos quer na duração do benefício.

“Connosco, os jovens vão pagar menos IRS nos primeiros dez anos. A minha geração não consegue entender que um jovem que ganhe 1.600 euros seja considerado rico”, afirmou a deputada do PSD.

Cabilhas acusou a esquerda de querer “virar inquilinos contra senhorios e a cidade contra o turismo”, e afirmou que “mais de 6.000 jovens já conseguiram comprar casa sem IMT e imposto de selo”, uma medida implementada pelo executivo da AD.

A deputada social-democrata elogiou ainda a criação de um Ministério com a área da Juventude, e que “uma jovem se sente no Conselho de Ministros”, referindo-se à detentora desta pasta, Margarida Balseiro Lopes.

“Por tudo isso, a AD não pode ser confundida com partido que governou nos últimos oito anos. Perante as dificuldades, há os que se escondem e os que querem dar a volta por cima”, defendeu.

Na fase de perguntas, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, disse acompanhar a visão de que é fundamental reter jovens em Portugal, mas apontou duas falhas ao modelo de IRS jovem: não incluir os jovens dependentes que vivam com o seu agregado familiar e a sua abrangência nos escalões mais altos de rendimentos.

“O PAN vai propor na especialidade corrigir estas duas injustiças, eliminar a abrangência do último escalão para não termos o ridículo de um jogador de futebol ao fim de dez anos a receber 150 mil euros em benefícios fiscais, está a sua bancada disponível para essas correções?”, desafiou.

A pergunta do PAN não teve resposta direta, com a deputada do PSD a contrapor com outra questão.

“Se está tão preocupada com a fuga de talento, porque é que anunciou que vai votar contra?”, inquiriu Ana Gabriela Cabilhas.

A discussão na generalidade do OE2025 termina hoje com a votação do documento, que será viabilizado com a anunciada abstenção do PS, votos favoráveis do PSD e CDS-PP (bancadas que suportam o Governo) e contra de todos os restantes partidos.

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