Geoana emitiu tais declarações num evento organizado em Bruxelas pelo centro de estudos German Marshall Fund para lançar o relatório de um grupo de especialistas independentes, encomendado em outubro passado pelo secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), Jens Stoltenberg, para servir de apoio às decisões da Aliança Atlântica sobre a sua vizinhança a sul.

“O que acontece na região afeta diretamente a segurança da região euro-atlântica”, afirmou Geoana, segundo um comunicado da NATO.

O estudo apresenta uma série de recomendações para definir a abordagem da NATO nas regiões referidas.

Embora publicado hoje, o relatório já tinha sido apresentado ao Conselho do Atlântico Norte, o mais alto órgão decisório da Aliança em março e discutido pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros numa reunião em Bruxelas, em abril.

No comunicado, a Aliança indicou que Stoltenberg apresentou agora propostas concretas aos membros com o objetivo de acordar um pacote de medidas para reforçar a sua relação com os vizinhos do sul a tempo da cimeira dos líderes da NATO em Washington, em julho.

Os autores do relatório consideram que os desafios do flanco sul estão cada vez mais interligados com os do leste e que a segurança da Aliança Atlântica está estreitamente relacionada com a do Médio Oriente, do norte de África, do Sahel e mesmo do Golfo da Guiné.

Por isso, propõem o aprofundamento das relações políticas e de diplomacia pública com estes vizinhos meridionais através de novas abordagens de diversos âmbitos.

Os especialistas independentes veem potencial para um maior crescimento na relação de 30 anos da NATO com os parceiros do Diálogo do Mediterrâneo (Argélia, Egito, Israel, Jordânia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia) e na relação de 20 anos com os parceiros da Iniciativa de Cooperação de Istambul (Bahrein, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Iémen).

A NATO impulsionou pacotes para o desenvolvimento das capacidades de defesa da Jordânia, da Tunísia e da Mauritânia, mas os especialistas propõem que se vá mais longe e, à semelhança da missão enviada para o Iraque, defendem que se explore a hipótese de criar missões dedicadas à formação e capacitação dos parceiros, que seriam enviadas a convite destes.

Defendem também a nomeação de um enviado especial da NATO para o flanco sul, bem como a procura de soluções partilhadas para as ameaças comuns que a Aliança e estes países enfrentam, entre as quais o impacto destabilizador da Rússia e da China e a ameaça do terrorismo.

Numa altura em que a guerra na Faixa de Gaza ameaça a estabilidade na região, o relatório sublinha o empenho anteriormente declarado dos aliados numa paz duradoura entre israelitas e palestinianos através de uma solução de dois Estados, bem como o apoio aos esforços internacionais de paz dos aliados para concretizar essa solução.

Como medida a longo prazo, o documento propõe que a NATO convide a Autoridade Palestiniana a observar ou a participar nas atividades do Diálogo do Mediterrâneo em curso na organização, de acordo com as práticas existentes.

O relatório, que contém mais de 114 recomendações, foi elaborado por um grupo de 11 especialistas, que estiveram em contacto com altos responsáveis civis e militares aliados, parceiros da NATO na sua vizinhança a sul, académicos e representantes da sociedade civil.

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