Durante uma inspeção de rotina aos esgotos da capital inglesa, as autoridades de saúde encontraram vestígios do vírus da poliomielite. A Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA) está a trabalhar em conjunto com a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) para perceber se há disseminação do vírus na comunidade.
Os vestígios do vírus da poliomielite foram encontrados entre fevereiro e março deste ano em amostras recolhidas durante uma análise de rotina a uma estação de tratamento de esgotos, a Beckton Sewage Treatment Work, em Londres.
As autoridades de saúde declararam a existência de um “incidente nacional”, temendo que o vírus se possa espalhar pelo Reino Unido pela primeira vez em quase 40 anos. A Grã-Bretanha erradicou a doença em 2003, sendo que o último caso selvagem foi detetado em 1984.
Na origem pode estar uma pessoa que recebeu a vacina via oral contra a poliomielite, que inclui uma versão viva do vírus que não causa doença, no Paquistão, Afeganistão ou Nigéria e viajou para o Reino Unido no início deste ano.
O país tem usado uma vacina inativa contra a poliomielite (IPV), que oferece uma forte proteção contra a poliomielite, mas menos proteção contra a circulação do vírus.
A UKHSA acredita que a disseminação terá tido origem em indivíduos próximos no nordeste de Londres, possivelmente membros da mesma família, que estarão agora a eliminar a variante do vírus pelas fezes.
O vírus da poliomielite pode infetar a medula espinal e os nervos na base do cérebro, causando uma paralisia e, em casos mais graves, pode levar à morte. No entanto, a maioria dos indivíduos não tem sintomas e consegue combater a infeção sem perceber que foi infetada.
Esta terça-feira, autoridades de saúde moçambicanas anunciaram ter internado um caso suspeito de poliomielite no centro do país, numa adolescente cujos membros ficaram paralisados.
O Ministério da Saúde moçambicano está a mobilizar recursos para realizar, em julho, uma terceira ronda de vacinação de crianças contra a poliomielite este ano. A primeira ronda foi lançada em março, depois de em fevereiro ter sido detetado um caso de poliomielite no vizinho Maláui.
Em Portugal, a vacina contra a poliomielite está incluída no programa nacional de vacinação e é aconselhado que seja administrada nas crianças até aos cinco anos, porém, não existe limite de idade para iniciar o esquema vacinal, nem limite de idade para o completar.