O Supremo Tribunal do Paquistão anulou esta quinta-feira a prisão do ex-primeiro-ministro do país, Imran Khan, depois de a detenção do mesmo, por alegado envolvimento no caso de corrupção Qadir Trust, na terça-feira, ter inaugurado uma onda de protestos.
De acordo com o Supremo Tribunal, citado pelo jornal francês “Libération”, a detenção de Khan foi “invalidada e todo o processo deve ser revisto”, tendo o ex-governante sido imediatamente libertado.
Segundo o presidente do Supremo, Umar Ata Bandial, citado pelo “The Guardian”, a instituição nacional contra a corrupção “National Accountability Bureau” (NAB, na sigla em inglês) violou a lei ao prender Khan nas instalações do Tribunal Superior de Islamabad sem permissão, acrescentando que tais ações teriam um “efeito inibidor” na NAB.
O político, acusado de corrupção, assegurou ao tribunal que não provocou intencionalmente os protestos, garantindo ao juiz, antes de sair em liberdade, que não sabia o que é que estava a acontecer no país.
No mesmo dia, as forças de segurança patrulharam as ruas do país e prenderam manifestantes simpatizantes do ex-primeiro-ministro. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou, numa publicação no Twitter, que a “liberdade de expressão” e “o Estado de Direito são essenciais para resolver conflitos políticos”, salientando que a utilização da “força desproporcional não tem lugar” num país como o Paquistão.
Desde a detenção de Khan, na terça-feira, que milhares de manifestantes protestam e protagonizam confrontos com as autoridades paquistanesas, tendo pelo menos nove pessoas morrido em incidentes ligados às manifestações, segundo fontes policiais e de saúde paquistanesas, 1300 foram detidas, tendo-se já registado 290 feridos.