As autoridades do Quénia encontraram mais 22 corpos nas buscas deste sábado na floresta de Shakahola. A Polícia local acredita que a maioria dos corpos sejam de pessoas que cumpriram um longo jejum para “encontrar Jesus”, sob a orientação do líder-fundador da Igreja Internacional das Boas Novas, que já está preso.
Com os 22 corpos encontrados hoje, subiu para 201 o número de corpos de possíveis vítimas do “massacre da floresta de Shakahola”, confirmou a comissária regional Rhoda Onyancha. Segundo a responsável, 26 pessoas já foram detidas por envolvimento nas mortes, inclusivamente o fundador e autoproclamado “pastor” da Igreja Internacional da Boa-Nova, Paul Nthenge Mackenzie, que estimulava os seguidores a privarem-se de comida para “encontrar Jesus”.
Entre os detidos está também um gangue responsável por verificar se os seguidores não quebravam o jejum ou escapavam da floresta.
Segundo a responsável, mais de 600 pessoas foram dadas como desaparecidas em toda a região da costa, inclusivamente de aldeias ao redor da floresta.
Exumações recentes revelaram que vários corpos foram encontrados sem os órgãos, o que levou as autoridades locais a suspeitar da prática de extração forçada destas partes para venda. O ministro do Interior queniano, Kithure Kindiki, pediu, entretanto, cautela, defendendo que teoria está ainda a ser investigada.
De acordo com um especialista forense do Governo, citado pela agência de notícias France-Presse, algumas das vítimas, incluindo crianças, terão sido estranguladas, espancadas ou sufocadas.
O caso reacendeu o debate sobre a regulamentação dos cultos religiosos no país, que conta com mais de quatro mil igrejas segundo dados oficiais. O presidente do Quénia, William Ruto, criou um grupo de trabalho para rever os regulamentos que regem os órgãos religiosos.
As autoridades locais continuam a trabalhar para encontrar mais corpos e resgatar sobreviventes na floresta de Shakahola, onde já foram encontradas pelo menos 50 valas comuns e 65 pessoas foram resgatadas com vida desde 14 de abril.