De visita a Pequim, o chanceler apelou ao líder chinês que use influência para mediar conflito. Viagem à China foi alvo de críticas.
Pela primeira vez desde que chegou à liderança da Alemanha, Olaf Scholz visitou a China para reunir com Xi Jinping. No encontro, os dois debateram negócios e alterações climáticas, mas o tema de maior foco foi a guerra na Ucrânia, tal como as consequências para a comunidade internacional. O sucessor de Angela Merkel, que foi recebido no Grande Palácio do Povo, pediu ao presidente chinês para interceder pelo fim do conflito, informa a agência Reuters. Sem se referir à Rússia, o líder asiático estabeleceu linhas vermelhas e apelou para que o Mundo não use armas nucleares.
Xi Jinping concordou que ambos os líderes “se opõem conjuntamente ao uso de armas nucleares”, cita a agência Xinhua, porém, em nenhum momento criticou a Rússia ou se comprometeu em interceder junto de Vladimir Putin para que o presidente russo retire as tropas do território ucraniano. “A situação internacional atual é complexa e volátil”, referiu o líder do Partido Comunista chinês.
Scholz revelou ainda, numa conferência de imprensa após o encontro com o primeiro-ministro demissionário, Li Keqiang, que trouxe a questão de Taiwan para o seio da conversa, lembrando que defende “uma política de uma China”, porém, deixou claro: “Qualquer alteração do “status quo” de Taiwan deve ser pacífica e de mútuo consentimento”.
Além do debate de ideias sobre o estado das relações internacionais, os dois líderes falaram ainda sobre negócios. Neste sentido, o chanceler alemão chegou a Pequim acompanhado por uma delegação empresarial, que incluiu os presidentes da Volkswagen, BMW, BASF, Bayer e Deutsche Bank, a maioria dos quais com grandes interesses na China.
A reunião, que também contou com a presença do primeiro-ministro Li Keqiang, levantou uma onda de críticas a Scholz, já que acontece depois de o presidente chinês iniciar um terceiro mandato e reforçar o poder no país, colocando em evidência a grande dependência económica que Berlim tem de Pequim.
“É evidente que, se a China mudar, a maneira como lidamos com a China também deve mudar”, argumentou o chanceler num artigo publicado no jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, assegurando ainda que irá “reduzir as dependências unilaterais, no espírito de uma diversificação inteligente”.
Numa altura em que a relação entre a China e o Ocidente tem estado envolta num clima de tensão, a viagem de Scholz a Pequim é analisada por vários especialistas como um teste à diplomacia entre os polos.