O presidente da Assembleia da República, Augusto santos Silva, aterrou esta manhã em Catar, onde vai assistir ao jogo de Portugal contra o Uruguai, ao fim do dia. À chegada, explicou as razões da visita, falou da importância dos direitos humanos e realçou os aspetos positivos do país organizador do Mundial de futebol de 2022.
“O anterior embaixador morreu no posto e não esquecemos como as autoridades locais foram inexcedíveis no apoio”, disse o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, recordando a morte de Ricardo Pracana, vítima de ataque cardíaco, em abril de 2020. “Também não esquecemos que quando foi preciso retirar do Afeganistão dezenas de afegãos que colaboraram com as autoridades portugueses o fizemos com a ajuda terrestre do Paquistão e aéreo do Catar. E também de sublinhar o posicionamento claro do Catar na condenação da guerra da Ucrânia”, disse ainda o deputado socialista, que ocupa o segundo posto mais alto da hierarquia de Portugal, atrás do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado pelos jornalistas sobre eventuais tensões entre os dois países, que teriam levado o Catar a colocar Portugal na “lista negra” após as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e do primeiro-ministro, António Costa, que questionaram os direitos humanos naquele, Santos Silva recordou que já não é ministro dos Negócios Estrangeiros, mas relativizou a questão. “Não há qualquer problema no relacionamento entre Portugal e o Catar, um dos países onde temos um embaixador permanente e com quem mantemos um relacionamento diplomático intenso”, disse o presidente da Assembleia da República, sublinhando a importância “estratégica do Golfo Pérsico” para Lisboa e par ao Mundo.
O presidente da Assembleia da República foi também questionado sobre direitos humanos. “Temos todos os países de avançar muito nesta matéria, todos nós, de melhorar a nossa compreensão mútua e nos domínios em que não somos tão fortes, Portugal incluído”, disse Santos Silva, contornando, também, o abaixo-assinado que os cerca de 1500 portugueses no Catar estarão a preparar, por se sentirem prejudicados pelas críticas e Marcelo e Costa à situação humanitária naquele país, particularmente em relação aos direitos dos homossexuais e as mulheres.
“Os portugueses têm direito a exercer a sua liberdade de expressão”, disse o presidente da Assembleia da República, que foi eleito deputado do PS pelo círculo de emigração de fora da Europa. “Eu e o meu amigo Maló de Abreu representamos os portugueses do Catar. Podem estar tranquilos, porque colocamos sempre como prioridade o bem-estar, a segurança e a tranquilidade dos portugueses”, disse Santos Silva, explicando as razões da visita ao Catar.
O presidente da República recordou que Portugal está há 20 anos em fases finais do Mundial de futebol e é das 10 melhores seleções do mundo, considerando a seleção “prestigia” o país, razão que justifica a visita da segunda figura do Estado ao Catar para assistir ai«o jogo. “Em segundo lugar, estou aqui para ajudar os portugueses que se deslocarem ao Catar, para lhes dizer que Portugal está com eles”, acrescentou Santos Silva. “Em terceiro lugar, enquanto deputado eleito pelo círculo de fora da Europa, represento os 1500 portugueses que vivem no Catar”, acrescentou o presidente da Assembleia da República.