As emissões de metano em dois campos de combustíveis fósseis localizados no Turquemenistão excedem as emissões de dióxido de carbono de países como Itália ou Reino Unido.
De acordo com os dados produzidos via imagens de satélite pela empresa Kayrros e revelados pelo “The Guardian”, os dois principais campos de combustível fóssil no Turquemenistão, país da Ásia Central, emitiram juntos quase 4,5 milhões de toneladas de gás metano, um perigoso gás de efeito estufa, somente em 2022. O número equivale a 366 milhões de toneladas de CO2 emitidos na atmosfera. O cálculo tem em conta que o metano é 80 vezes mais potente na retenção de calor na atmosfera do que o dióxido de carbono.
Tais níveis de emissão de CO2 são superiores aos de países como Reino Unido (17.º no ranking mundial de emissão de gás carbono), Itália (19.º) e França (20.º), por ano. Em comparação, Portugal (53.º) emitiu cerca de 44 milhões de toneladas de CO2 em 2020, segundo dados da Pordata. Especialistas citados pelo jornal britânico alertaram que as emissões a este nível são “incompreensíveis e um problema irritante que deve ser fácil de resolver”.
O Turquemenistão é o maior fornecedor de gás natural da China e, até 2018, os cidadãos turquemenos recebiam gratuitamente gás e eletricidade. Em 2022, um estudo publicado na revista “Environmental Science and Technology”, acompanhado de imagens de satélite da agência espacial norte-americana NASA, indicaram que a costa oeste do país é um dos maiores pontos críticos de emissões de metano no Mundo.
Ainda de acordo com os dados levantados pela Kayrros, imagens de satélites detetaram cerca de 840 casos de “superemissões”, sejam de poços, tanques ou tubulações individuais, no Turquemenistão, entre 2019 e 2022. A maioria destes casos ocorreu em centrais operadas pela companhia petrolífera nacional Turkmenoil.
O caso mais grave registado foi uma libertação de 427 toneladas de metano por hora em agosto, perto da costa do Mar Cáspio, que gerou emissões equivalentes a 67 milhões de veículos automotores, ou as emissões de toda a França em uma hora.
O tema não é prioridade para o presidente do Turquemenistão, Serdar Berdimuhamedow, que se juntou ao Compromisso Global de Metano (GMP), em 2021, para reduzir as emissões do gás. No entanto, o país não se juntou aos 150 países que assinaram o acordo.