Três ministros, um secretário de Estado e uma deputada do Partido Conservador demitiram-se em menos de 24 horas. É o saldo provisório de uma crise política de efeitos devastadores para o Reino Unido e para o Governo de Boris Johnson, cada vez mais pressionado pela sucessão de escândalos, de causas remotas e de outra bem mais próxima, a dos desvios sociais e dos comportamentos sexuais inadequados de um deputado próximo do primeiro-ministro.
Desde já, duas traduções muito livres que podem resumir tão literalmente os escândalos de cariz sexual que abalam o n.º 10 de Downing Street e o Governo de Boris Johnson: Pincher significa “beliscador” e é o apelido do deputado que bebeu uns copos a mais e que andou aos apalpões a homens num bar de Londres, na semana passada; e “Whips” quer dizer chicotes, o que, interpretado à letra, designa a função do responsável pela disciplina parlamentar dos deputados conservadores, além de remeter para uma certa bondage da corte e para o cenário de deboche político que faz as delícias dos tabloides da Velha Albion.
O terramoto político que sacode Londres tem um nome: Chris Pincher. Seria um discreto jurista de 52 anos, oriundo da província, das bases conservadoras das West Midlands, se não fosse o causador da demissão em série de ministros, em dissidência com a suposta ligeireza com que o primeiro-ministro britânico lidou com os sucessivos escândalos sexuais que envolveram o deputado. E se, depois do mais recente episódio de Pincher, registado num bar de Londres, na noite da última quarta-feira, reagiu como se nada fosse ou de nada soubesse, Boris Johnson rapidamente foi desmentido.