O estado norte-americano da Florida já contabilizou, este ano, 65 casos e 11 mortes. Depois da passagem do furacão Ian, no condado de Lee, um dos mais afetados, a Vibrio vulnificus já atacou 29 pessoas e causou a morte a outras quatro.
Há poucas semanas, a Florida foi atingida pelo furacão Ian que fez dezenas de mortos, deixou várias famílias desalojadas e foi classificado por Joe Biden, presidente dos EUA, como o “mais mortal” da História do estado norte-americano. No entanto, numa altura em começam a chegar apoios para mitigar os estragos causados pela catástrofe natural, um outro problema emerge: regista-se um aumento nos casos de doenças e mortes causados pela bactéria Vibrio vulnificus.
No estado da Florida, só este ano, já foram registados 65 casos que resultaram em 11 mortes, o que representa o número total mais alto desde que as infeções pela bactéria Vibrio vulnificus começaram a ser observadas, em 2008. Segue-se o ano de 2017, altura em que o furacão Irma abalou fortemente o estado norte-americano, o que terá levado ao registo de 50 casos e 11 mortes.
Segundo as autoridades do condado de Lee, onde a tempestade de categoria quatro se fez sentir com maior impacto no dia 28 de setembro, só naquela região, pelo menos 29 pessoas ficaram doentes e quatro morreram devido à infeção pela bactéria.
Tendo em conta que o desenvolvimento destas bactérias é propício em ambientes de água salobra quente, como é o caso das que resultam de cheias, o Departamento de Saúde da Florida alertou que “está a observar um aumento anormal nos casos de infeções, como resultado da exposição às águas estagnadas após a passagem do furacão Ian”, cita a BBC.
A bactéria geralmente instala-se no corpo humano através do consumo de frutos do mar crus ou mal cozinhados, embora também possa causar infeções através de feridas abertas que estejam em contacto com as águas paradas, esclarece o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, sigla em inglês).
Os primeiros sintomas dos infetados passam por febre, cansaço, dores de cabeça e tremores. Contudo, numa fase mais avançada, os doentes podem ter diarreia, vómitos e confusão mental, podendo apresentar lesões na pele. A entrada na bactéria no organismo humano pode ainda causar sepse (que pode levar à falência dos órgãos) e, algumas das vezes, obrigar a amputações para evitar a disseminação para outras partes do corpo, mas nunca é transmitida de pessoa para pessoa.
As autoridades apelaram aos moradores que “estejam cientes dos riscos associados ao expor feridas abertas, cortes ou arranhões na pele”, lembrando que “à medida que a situação pós-tempestade evolui, os indivíduos devem tomar mais precauções contra infeções”.
De acordo com o CDC, cerca de um em cada cinco pacientes com Vibrio vulnificus morre, às vezes em apenas um ou dois dias após serem observados os primeiros sintomas.