Mísseis voltaram a atingir várias cidades, deixando a população sem eletricidade. Mesmo com frio “operação militar especial continua”, diz Rússia.
Dnipro, Kiev, Odesa e Zaporíjia, onde morreram pelo menos sete pessoas, foram, esta quinta-feira, algumas das cidades ucranianas atingidas por mísseis. Os incessantes ataques russos voltaram a ter como alvo infraestruturas energéticas, no dia em que a neve começou a cair. Estima-se que cerca de sete milhões de casas ficaram sem eletricidade, deixando uma grande parte dos ucranianos sem a possibilidade de se aquecerem, numa altura em que os termómetros registam temperaturas negativas.
“Em média, cerca de 40% dos consumidores estão sem eletricidade”, revelou Dmytro Sakharuk, CEO da DTEK Group, um dos principais investidores privados no setor de energia da Ucrânia, citado pela agência Reuters. O responsável assinalou que “os russos causaram danos sérios às instalações de transmissão, através das quais muitas regiões no centro e no oeste são abastecidas”, informando que a população deve preparar-se para passar várias horas, ou até dias, sem energia.
O alerta foi reforçado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que chamou à atenção para o facto de o país estar a passar por uma grave crise humanitária devido “aos constantes cortes de energia” que se deverão prolongar nos próximos meses, já que, só esta quinta-feira, se registaram 25 ataques com mísseis.
Apesar da situação se revelar difícil, com as autoridades da capital ucraniana a começaram a agilizar abrigos para que os mais vulneráveis se possam proteger do frio, o Kremlin assegurou que a ofensiva irá prosseguir independentemente das temperaturas. “A operação militar especial continua e não depende das condições climatéricas”, salientou Dmitry Peskov, porta-voz do Governo russo, depois de ser questionado sobre o facto de milhões de ucranianos estarem a sofrer com falta de aquecimento.
Cereais assegurados
Empurrando as culpas para Kiev, o governante frisou que do outro lado há “falta de vontade para resolver problemas”, alegando que as condições de Kiev para o regresso ao diálogo de paz são inaceitáveis, uma vez que Moscovo recusa “negociações públicas”.
Sem tréguas no terreno, na via diplomática foram alcançados avanços. Embora a paz ainda esteja longe, a ONU confirmou que o acordo para a exportação de cereais no mar Negro, que termina amanhã, foi prolongado por quatro meses, o que resultou de um consenso entre a organização, a Turquia, a Rússia e a Ucrânia.
A decisão mereceu a felicitação de Recep Tayyip Erdogan, líder da Turquia, que durante a cimeira do G20 já tinha antecipado que Putin deu “luz verde” para a renovação do protocolo.
Erdogan, que tem apostado na mediação do conflito, informou que o diretor da CIA, William Burns, e o homólogo russo Serguei Narychkine (FSB) estiveram reunidos na Turquia e, segundo a informação que recebeu, deixou um recado que tranquiliza o Mundo: “nenhum dos lados vai usar armas nucleares”.
Equipa da Ucrânia está no local onde caiu míssil
Uma equipa de investigadores ucranianos chegou esta quinta-feira à aldeia polaca, onde, na terça-feira, caiu um míssil, adiantou a CNN. O presidente polaco, Andrzej Duda, também visitou o local e confirmou que se tratou de um “acidente”, como tal, “não pode ser considerado como um ataque à Polónia”.
EUA terão repreendido líder de Kiev
Depois de Volodymyr Zelensky ter negado que o míssil que caiu na Polónia era ucraniano, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, terá repreendido o presidente. Segundo a CNN, o responsável terá pedido ao chefe de Estado para “ser mais cauteloso”, já que a investigação ainda não chegou ao fim.
Presidente polaco defende Zelensky
Já Andrzej Duda defendeu a postura de Zelensky. “É uma situação difícil. Ele está a passar por tudo o que a nação está a passar. É a nação dele, que o escolheu para este cargo e pela qual se sente responsável”, disse, mostrando-se solidário.
Sinais de tortura
O ministro do Interior da Ucrânia, Denys Monastyrsky, informou que uma equipa de investigadores encontrou 63 corpos com sinais de tortura, em Kherson.
Russo pede asilo
Um membro do Exército russo, que participou na guerra na Ucrânia, pediu asilo em Madrid, Espanha. Nikita Chibrin, de 27 anos, quer agora testemunhar em tribunal o que viveu. “Não tenho nada a esconder”, referiu.
Cercas na fronteira
O Governo da Finlândia propôs gastar 139 milhões de euros para construir cercas ao longo da fronteira com a Rússia.