Antigo futebolista integra a maior missão de resgate de ucranianos organizada por Portugal. Estão 390 já a caminho de Lisboa.
Ibraim Cassamá faz baixar por um momento a guarda da sua imponente altura e deixa-se ceder ao peso da gravidade emocional – tira os óculos, inspira, limpa os olhos com as costas da mão, exala para o ar, recompõe-se. Tinha acabado de dizer: “Só imagino quando é que cada uma destas crianças, e eu vejo aqui tantas crianças só com a mãe, vai voltar a ver o seu pai…” – e depois pára por falta de ar.
O futebolista internacional da Guiné-Bissau foi estrela na juventude benfiquista, vingou na Académica do Lobito e saciou sonhos no Real Sport Clube, está num cenário inusitado, Cracóvia, na Polónia, e traz vestida a sua pele destes dias: um colete verde de voluntário da Missão Ucrânia, a maior operação portuguesa de resgate de refugiados ucranianos realizada desde que a guerra provocada pela invasão russa começou.