“Esta pessoa, apesar de ter sido detida preventivamente, estava hospitalizada no Centro Médico Luís Razetti, no estado de Anzoátegui, desde 11 de outubro, por sofrer de diabetes do tipo 2. É de salientar que, durante este período, recebeu assistência médica e foram-lhe administrados os medicamentos e outros tratamentos necessários ao seu estado de saúde”, afirma o MP em comunicado hoje divulgado.

 

O MP lamenta o falecimento e explica que Medina se encontrava em prisão preventiva desde 02 de agosto por ter participado em atos de violência após as eleições presidenciais de 28 de julho, durante os quais 28 pessoas faleceram e cerca de 200 ficaram feridas.

“O Estado venezuelano, bem como todas as instituições chamadas a processar e punir os atos cometidos contra a paz e a ordem pública, incluindo o MP (…), procurou garantir o devido processo, a proteção judicial efetiva e o gozo de outros direitos constitucionais, como o direito à saúde, não só à pessoa referida neste comunicado, como também às restantes pessoas que ainda se encontram privadas de liberdade”, explica.

O comunicado foi divulgado um dia depois de Medina ter falecido numa prisão em Anzoátegui (leste).

A denúncia da morte de Medina, de 36 anos, foi feita nas redes sociais por familiares, partidos políticos e opositores venezuelanos, incluindo a líder opositora Maria Corina Machado.

“Faleceu hoje, nas mãos do regime, Jesús Manuel Martínez Medina, membro da nossa equipa em Arágua de Barcelona, no estado de Anzoátegui. Mais um crime de Maduro e do seu regime. Morreu nas suas mãos, morreu devido às condições desumanas em que esteve sequestrado”, denunciou Maria Corina Machado na rede social X.

Segundo a opositora Jesús Martínez “foi sequestrado pelo SEBIN [serviços de informações] na sua própria casa na noite de 29 de julho, sem uma ordem de detenção e sem nenhum motivo. Foi levado para uns calabouços subhumanos em Anzóategui, foi fortemente maltratado e esteve em condições higiénicas tão precárias que teve necrose em ambas pernas”.

Machado denunciou ainda que “durante meses, lhe foi negada qualquer atenção médica” porque faltavam “autorizações de superiores em Caracas”.

Apesar de o MP indicar que Jesús Medina estava detido desde 02 de agosto, a oposição aponta como o dia 29 de julho como data da sua detenção.

Jesús Martínez Medina padecia de diabetes e tinha problemas cardíacos. Era membro do partido Vamos Venezuela (Vente Venezuela, em espanhol) e foi testemunha de uma assembleia de voto nas eleições presidenciais de 28 de julho.

Segundo a organização não-governamental (ONG) venezuelana Fórum Penal, atualmente 1.963 pessoas estão detidas por motivos políticos na Venezuela, entre elas 69 adolescentes, desde 29 de julho, quando começaram os protestos pós-eleições presidenciais.

A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

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