“Quando vamos ver esse programa económico [apresentado pelo Governo na quinta-feira], basicamente mostra uma visão preguiçosa do Governo. Baixar impostos sobre as maiores empresas e mais uma vez apostar no Turismo”, apontou Mariana Mortágua em declarações à margem do início da 12.ª edição da Sementeira, um evento cultural organizado pelo Bloco de Esquerda de Viseu que reúne artistas de diversas áreas culturais no centro histórico da cidade, junto à sede do partido.

Mariana Mortágua disse que o Governo apresenta “um país sem visão” e a “ideia preguiçosa, que não quer saber, nem olhar para o território, ver as potencialidades do território” e como o “desenvolver por igual, por inteiro em todo o país”.

A Cultura foi um dos exemplos apontados pela líder bloquista como uma fonte de desenvolvimento económico, assim como o serviço de urgência pediátrico, encerrado no período noturno em Viseu e a linha ferroviária da Beira Alta, “há muito tempo” fechada para requalificação.

“São três exemplos de como podemos desenvolver a economia, de como podemos desenvolver o interior. Apostar em transportes públicos, na ferrovia, apostar em bons serviços públicos, no caso da pediatria, nos hospitais e na saúde primária, e também uma aposta forte na Cultura, parece-me uma visão bem mais interessante que aquela que o Governo nos apresenta”, destacou.

Para a dirigente do BE, “baixar os impostos às grandes empresas não faz com que a magia aconteça” e a título de exemplo apontou o IRC que desde os anos [19]70, em Portugal, “não parou de baixar, sempre com a mesma desculpa, o mesmo argumento e, o que é que cresceu?”.

“Cresceu o imobiliário, o turismo, a construção, a finança e nós não conseguimos ter uma economia desenvolvida e à altura do século XXI e, por isso, está na altura de perceber que é preciso mudar de estratégia e de olhar com vontade para o nosso território”, sublinhou.

E, continuou, Portugal “continua a ter uma economia de baixos salários, muito baseada no Turismo, muito pouco diversificada e muito pouco produtiva, com muito pouca tecnologia e muito incapaz de enfrentar o futuro e de desenvolver as regiões do interior como é o caso de Viseu”.

A visão dos descontos fiscais é “errada, preguiçosa que simplesmente isenta o Governo de ter uma visão, de olhar para este território, na sua potencialidade, nas suas pessoas, olhar para o que já é feito e pensar o que pode ser este território”, apontou.

“O que pode ser feito na transição climática, que indústrias é que é preciso apostar, que transportes é que são precisos, que serviços públicos são precisos, a cultura e o que é que se pode fazer com ela”, questionou, apontado que “é uma visão estratégica, fundada e inteligente que pode levar a uma economia para enfrentar o futuro”.

Mariana Mortágua acusou ainda o Governo social-democrata de Luís Montenegro de “cometer os mesmos erros que o anterior Governo” socialista liderado por António Costa cometeu no que diz respeito às progressões nas carreiras e às atualizações salariais dos diversos profissionais, desde a Saúde, Justiça, Segurança ou Educação, “todos”.

“Se não dermos perspetivas de carreira aos jovens, se não conseguirmos olhar um jovem nos olhos e dizer-lhe agora tens 20 [anos], quando tiveres 30 vais ganhar mais, quando tiveres 40 vais ganhar ainda mais e quando tiveres 50 mais ganharás, não conseguimos fixar jovens em Portugal e muito menos no interior”, defendeu.

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