A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, reagiu, esta sexta-feira, ao anúncio do secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, que decidiu propor aos socialistas a viabilização do Orçamento do Estado (OE) para 2025, documento descrito pela bloquista como “errado”.

 

“Este Orçamento é errado. E esta não é abstrata ou simbólica. Este Orçamento é errado porque, em vez de reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), os seus meios e os seus profissionais, está a desagregar e a desmantelar o SNS”, começou por afirmar em conferência de imprensa, na Assembleia da República.

“É errado porque, em vez de garantir casa a quem não a pode pagar, está a promover o alojamento local e a vender património público de centenas de milhões de euros para a especulação. É errado porque é fiscalmente injusto porque apoia herdeiros, futebolistas, jovens com rendimentos que não são rendimentos dos jovens em Portugal. Porque apoia as grandes empresas, mas permite que a desigualdade se abata entre todas as outras pessoas”, acrescentou.

A bloquista criticou ainda o “nível recorde de cativações”, que “atinge particularmente a habitação” e a saúde, e o facto de a proposta explicitar que o “Estado não fará nem mais uma contratação líquida”. “Todos os problemas que havia no serviço público, vão continuar a haver”, atirou.

Sobre o anúncio de Pedro Nuno Santos, Mariana Mortágua lembrou que o líder dos socialistas manifestou, ao longo das últimas semanas, “alguma ambiguidade” e “também uma enorme incoerência”.

“Essa ambiguidade teve o seu desfecho ontem com o desalentado anúncio por parte do secretário-geral socialista, que iria viabilizar o Orçamento do PSD, quer na generalidade, quer depois na especialidade e na votação final”, referiu, acusando Pedro Nuno Santos de ter “viabilizado o Programa de Governo da Direita”.

Sublinhe-se que Pedro Nuno Santos revelou que decidiu “propor à Comissão Política Nacional do PS a viabilização do Orçamento do Estado para 2025”, mas alertou que o Governo “está isolado” e “absolutamente dependente do maior partido da oposição”.

A Comissão Política Nacional do PS reunir-se-á na segunda-feira para “deliberar sobre a proposta do secretário-geral quanto à votação no OE2025”.

Daniela Filipe | 20:09 – 17/10/2024

De acordo com o líder do PS, há dois aspetos que não se podem ignorar, o primeiro dos quais “que passaram apenas sete meses sobre as últimas eleições legislativas” e “um eventual chumbo do Orçamento poderia conduzir o país e os portugueses para as terceiras eleições legislativas em menos de três anos, sem que se perspetive que delas resultasse uma maioria estável”.

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