Gulen morreu no sábado, num hospital dos Estados Unidos, onde estava exilado desde 1999, e a morte foi anunciada pelo Herkul, um portal próximo do movimento conhecido como FETO, e confirmada pelo sobrinho, Ebuseleme Gülen, nas redes sociais.

 

Outrora aliado do Presidente da Turquia, Gulen foi acusado pelas autoridades turcas de espalhar suspeitas de corrupção que visavam o Governo em dezembro de 2013, quando Recep Tayyip Erdogan era ainda primeiro-ministro.

Erdogan acusou o imã de ter criado um Estado paralelo para o tentar derrubar. O Governo turco utiliza o acrónimo FETO para designar o movimento liderado por Gulen, que classifica um grupo terrorista.

Gulen defendeu que o grupo não era mais do que uma rede de instituições de caridade e empresas e sempre negou qualquer envolvimento na tentativa de tomada de poder de 2016.

Após a tentativa de golpe de Estado, mais de 125 mil alegados apoiantes do movimento FETO na Turquia foram despedidos, ao abrigo de decretos de emergência, incluindo cerca de 24 mil soldados e milhares de magistrados.

A justiça turca instaurou processos contra cerca de 700 mil pessoas e três mil foram condenadas a prisão perpétua, acusadas de terem desempenhado um papel no golpe falhado.

As autoridades da Turquia também encerraram a extensa rede de escolas privadas, os meios de comunicação social e as editoras controladas pelo FETO.

Ao mesmo tempo, os serviços secretos turcos realizaram diversas operações em países da Ásia Central, de África e dos Balcãs para trazer de volta, à força, supostos apoiantes do movimento.

Gülen era o “líder espiritual de uma vasta comunidade que reúne milhões de simpatizantes (…), presentes em todos os setores da economia, na educação, nos meios de comunicação social, mas também em vários setores da administração”, notou um investigador do Instituto de Estudos Políticos de Paris.

“Possuindo um gosto pelo secretismo e pela influência, até pela manipulação e pela intimidação (…), o movimento de Fethullah Gulen apresenta fortes semelhanças com diversas congregações católicas como os jesuítas, o Opus Dei ou outras, nas quais ele obviamente se inspirou”, sublinhou Bayram Balci, num estudo publicado em 2021.

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