No final da tomada de posse dos membros do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que decorreu em Lisboa, Luís Montenegro foi questionado pelos jornalistas se mantinha a confiança política em Margarida Blasco, respondendo com apenas uma palavra: “Mantenho”.
No domingo, a ministra da Administração Interna afirmou que o tema do direito à greve estaria “em cima da mesa” nas negociações previstas para janeiro com as associações de polícias. Contudo, horas depois, um comunicado do Ministério da Administração Interna referia que “a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve”.
Confrontado com as críticas da oposição a esta aparente descoordenação, o primeiro-ministro disse apenas que “aquilo que tinha de ser clarificado relativamente à posição do Governo sobre a admissibilidade de haver direito à greve nas forças de segurança já foi dito e foi muito bem dito pelo Ministério da Administração Interna”.
Montenegro não quis ir mais longe, quando questionado se se tinha tratado de uma ‘gaffe’ ou uma desautorização da ministra.
“Aquilo que tinha de ser dito por parte do Governo para deixar muito clara a nossa posição sobre a admissibilidade do direito à greve nas forças de segurança, como de resto nas Forças Armadas, já foi dito. Nós somos contrários a essa possibilidade e, portanto, essa posição do Governo está clarificada e está muito bem clarificada”, disse.
O primeiro-ministro recusou que a ministra esteja diminuída na sua autoridade política — “se achasse, isso teria consequências” – e aproveitou até para elogiar Margarida Blasco, que considerou ter enfrentado “momentos muito desafiantes”, como os incêndios florestais ou os desacatos nos bairros da Grande Lisboa na sequência da morte de um cidadão baleado mortalmente por um agente da PSP.
“É preciso saber acompanhar esses momentos e é isso que ela tem feito e tem feito de forma muito competente”, considerou.
O primeiro-ministro contrapôs que o que a ministra da Administração Interna, tal como os restantes membros do Governo, têm diante de si “uma orientação política para resolver os problemas das pessoas”.
“Aquilo que a senhora ministra da Administração Interna tem diante de si é a necessidade de termos mais polícias na rua, de termos uma carreira que é hoje mais atrativa e podermos ter mais admissões para as forças de segurança, é termos equipas multidisciplinares a poderem prevenir e reprimir fenómenos criminais, nomeadamente os mais violentos, aqueles que afetam os direitos, liberdades e garantias dos outros cidadãos e aqueles que geram um sentimento de insegurança”, vincou.
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